Entre as oito e as dez, calhou-me estar num hipermercado com a Letícia e a Olívia, meninas que estão a terminar o nono ano de escolaridade, e o Francisco, que conclui o décimo primeiro, a recolher bens alimentares para distribuir por quem nem para se alimentar tem recursos.
Como sinto algum desconforto por fazer pouco pelos outros (a minha profissão devia ser isso, mas está longe do que devia…), aproveitei a oportunidade para dar algum alívio à consciência.
E que bem acompanhado estive: a bondade, a disponibilidade (os meus colaboradores chegaram bastante antes da hora…), a generosidade e o sorriso doce e simples foram (para mim) prémios acrescidos na manhã deste dia.
Há muita gente generosa, como há os mais taciturnos, porventura desencantados e duvidosos, que seguem na sua indiferença aparente.
Amigos meus criticam, em forma de alerta, para possíveis desvios. Porém, tomara eu não me desviar daquele princípio que tanto ouvi a meus pais e avós: fazer o bem sem olhar a quem.
E sobretudo aos que precisam, suponho eu, na minha infinita impotência.
José Batista d’Ascenção