Ontem pude visitar o parque de dinossauros da Lourinhã. Fui com a família e todos gostámos. Numa área aprazível de pinhal (relativamente) jovem, com boa sombra e brisa fresca, lá estavam as réplicas dos mais diversos tipos de dinossauros, em tamanho natural, com legendas explicativas curtas, claras e cientificamente rigorosas, em quatro línguas, ladeando trilhos de boa largura onde passeavam visitantes de todas as idades, entre os quais muitas crianças, muito activas e interessadas. Os modelos são de tamanhos muito diversos (de dezenas de centímetros até 30 metros de comprimento, por exemplo), como terão sido na altura, estão muito bem executados e enquadram-se muito bem no ambiente. Boa parte deles, alguns dos maiores, referem-se a dinossauros descobertos em Portugal, particularmente na Lourinhã. Pode-se começar pelos que viveram há mais tempo, escolhendo os percursos temáticos que nos levam sequencialmente até aos mais recentes, nunca menos que 65 milhões de anos. [Um milhão de anos é muito tempo: segundo contas feitas pelo Professor Galopim de Carvalho se uma pessoa tocasse um sino ao ritmo de uma badalada por segundo, e não parasse para comer nem para dormir nem para descansar, tocaria o sino ininterruptamente durante 11 dias, 13 horas, 46 minutos e 40 segundos]. Ao longo dos percursos há locais com mesas e bancos de madeira, muito apropriados para quem leve merenda e descanse para saciar o apetite. Antes disso, qualquer pessoa pode deslocar-se ao longo e de frente de uma enorme escala de tempo evolutivo que assinala a origem do universo, do sistema solar e, claro, do planeta Terra, até à actualidade.
Há no entanto que adquirir ingressos pagos para entrar no recinto. A área de entrada é muito convidativa e ampla e bem guarnecida de fósseis, em exposição, com uma zona onde trabalham paleontologistas, bem à vista, por detrás de uma vitrina. Há também a área (mais) comercial com «bonecada dinossaurica» em que não nos demorámos. Segue-se para uma área aberta, também ampla mas (ainda) coberta com muitas mesas com bancos de madeira, zonas de ateliês onde crianças podem dedicar-se a encontrar esqueletos de dinossauros no interior de paralelepípedos de uma espécie de cimento, do tipo e do tamanho de tijolo burro (não muito grandes: com menos de um palmo de mão adulta de dimensão maior e espessura de menos que uma mão de travessa), áreas de areia com apetrechos plásticos como crivos do tipo dos da praia para crianças e um parque infantil com os «engenhos» (mais) habituais. Enfim, uma coisa bem concebida, atraente e funcional.
O único aspecto que é menos convidativo, especialmente para os portugueses de menos posses, será o preço: 12,50 euros por adulto, com pouca variação para grupos… E é pena, porque, como sempre, parece que os (mais) pobres estão impedidos de usufruir de uma infraestrutura de alto valor pedagógico e científico. Por essa razão, vale a pena as escolas tentarem levar lá os miúdos, pequenos e graúdos, uma vez que se consegue algum desconto e não é impossível que, em muitos casos, as comunidades escolares, com algum apoio das autarquias ou outras entidades, consigam custear a visita a meninos economicamente menos favorecidos, de preferência sem dar visibilidade a essas situações. Isto não tira nenhum valor a parques como este da Lourinhã, uma ideia, uma iniciativa, uma estrutura e um serviço de que devemos usufruir, fazendo-o sobreviver. Fundamentalmente, para elevar a condição de todos os portugueses, de modo a que, no futuro, a boa formação, o saber e a cultura sejam entre nós mais «democráticos».
Como convém.
José Batista d’Ascenção
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