Imagem obtida aqui. |
Numa escola (básica), aquela professora desloca-se para a sala onde vai dar aula. No corredor, um aluno diverte-se em correrias com um extintor de incêndios que retirou do suporte. Colegas dele participam na brincadeira ou assistem divertidos. A professora, assertiva, repreende o aluno, que a encara e lhe diz que a não respeita, porque não é sua professora e não lhe deve dar ordens. A docente não se acanha e pede-lhe o nome e a indicação da turma a que pertence. Obtém resposta pronta parcial: o menino perturbador não se identifica, mas diz pertencer a certa turma, turma que, por acaso, tem como directora a própria professora e que (ela sabe que) não inclui o infractor. Indignada, a professora repete as perguntas. E, em coro, ouve vários alunos afirmar que o colega inquirido é daquela mesma turma que, em conluio descontraído, voltam a especificar. A professora não se intimida nem desiste. Mas o aluno em causa e os seus companheiros não se perturbam nem se incomodam.
Entretanto chega a professora que, à mesma hora, vai ter aula com aqueles alunos. A primeira expõe-lhe o que aconteceu. Arrogante e descarado, o aluno repete à sua professora que não há qualquer problema porque (afinal) o extintor já está no sítio.
Dentro da aula, e depois de nova admoestação aos alunos envolvidos, adianta-se o mesmo menino para afirmar que não tem que ter respeito por uma professora que não lhe dá aulas e que, por isso, não lhe deve fazer reparos. Os restantes não acham estranho. Nova repreensão e silêncio, sem qualquer sinal de reconhecimento ou humildade dos meninos.
As duas professoras decidem fazer uma participação por escrito. Ambas entristeceram com a situação, ambas sentiram desconforto ao elaborar a participação e ambas sofreram especialmente com a inutilidade pressentida em todas as suas diligências: um esforço desgastante e inglório.
Qualquer semelhança do descrito anteriormente com a realidade é coincidência banal. As consequências punitivas dos actos reprováveis dos alunos são nenhumas.
Até um dia alguém dizer «chega!»
Será o dia em que, mais crescidos e cada vez menos educados, os adultos que agora são crianças o gritem (de várias formas…) aos que não souberam ou não puderam ou não quiseram educá-los.
Ou esse dia já terá chegado (há muito), e ainda o não quisemos admitir?
José Batista d’Ascenção