domingo, 28 de setembro de 2025

O carmim, sim

Para mais no Outono, oferecido assim, graciosamente, pela mãe-Natureza. Olha-se e saboreia-se, apraz à alma e faz sentir bem o corpo.

Jardins há muitos, e bonitos, graças a quem sabe e gosta de cuidar deles. Mas as ofertas espontâneas de colorido suave em campo aberto, de que basta dispor, sem mais, e sem custar nada a terceiros, têm o condão de nos fazer sentir parte de um todo, que devíamos ser capazes de merecer.

Hoje comunguei desta cor e senti-me bem só por isso. Rosa no verde para acalentar suavemente a esperança.

José Batista d’Ascenção

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Asfixia propagandística e falência do jornalismo

Não há melhor sistema político do que a democracia. Mas a democracia exige cidadãos educados e exigentes e políticos responsáveis e responsabilizáveis.

Decorre uma campanha eleitoral (autárquica) encaixada, em termos práticos, noutra campanha (a presidencial), começada, efectivamente, há muito tempo, demasiado tempo (Marques Mendes bem podia dizê-lo, e não apenas ele. Só o PS parece alheio, e não é por motivos salutares…).

E assim que a próxima campanha (presidencial) termine, logo outra (a das legislativas) se seguirá, com o seu ritual de hipocrisia, farta despesa, descrença e saturação.

São difíceis os tempos: correm muito mais velozes as mentiras e as notícias falsas do que a verdade e as análises sérias e racionais. A deseducação em que caímos favorece este estado de coisas, que tende a agravar-se.

Deixei de ver telejornais (tirando o do canal 2 da RTP, às 21.30 h). Faz-me pena e revolta que bons jornalistas, que ainda os há, deixem de comunicar notícias e de fazer análises, para “convidarem” políticos, académicos e militares, os quais, na suposta condição de «especialistas» (nem falo dos do futebol…) puxam as brasas para o lado que lhes convém ou que servem (as excepções confirmam a regra).

Como os pais perderam a capacidade de educar os filhos, soçobrando face à influência avassaladora dos meios digitais, e a escola se degradou como (não) era previsível, temos a irracionalidade a tomar conta do mundo, as democracias a fenecer e o poder financeiro a prevalecer: é uma espécie de modernidade das cavernas.

Em nome dos princípios, não podemos abdicar de nós mesmos.

Porventura, é só uma fase má. Tomara.

José Batista d’Ascenção

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

sábado, 13 de setembro de 2025

Pela arte é que vamos

Está a decorrer, iniciou-se ontem e termina amanhã, a «Art Expo Norte», uma exposição de arte contemporânea, no «Forum Braga», na capital do Baixo Minho.

São vários espaços de diferentes artistas, pintores e escultores, nacionais e estrangeiros, que expõem as suas obras.

Todos os trabalhos são agradáveis de ver e muitos têm qualidade estética e artística de elevado nível. Parte dos preços escapam às possibilidades económicas do português médio, mas todos podem ver e apreciar, porquanto a entrada é gratuita.

Esta tarde havia (muito) menos pessoas do que a exposição merecia. Algo poderia ter sido mais eficaz na divulgação? A presença do vereador da cultura em cerimónia de apresentação, previamente anunciada, talvez tivesse trazido mais público, que os artistas e as suas obras justificavam.

Não é sempre pouco, aquilo de que o público pode usufruir. Porque o havemos de desperdiçar?

Obrigado aos artistas presentes. 

José Batista d’Ascenção

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Mercantilização dos aniversários pessoais

Todos os dias faço anos: por exemplo, o ano passado, nesta data, contava menos um… O mesmo se passará amanhã, depois de amanhã, etc. Acontece que, após a infância, nunca valorizei o meu dia de aniversário natalício, data em que, além do mais, nunca fiz nada que decorresse especialmente de mérito meu. Esta posição pouco comum, de ortodoxia pessoal, sempre a reservei para não ser deselegante com os que muito prezo e sempre me felicitam, e para não chamar as atenções para uma originalidade eventualmente menos bem interpretada. Felizmente, os da casa sabem e convivem bem com o facto.

Claro que me sabe bem que se lembrem de mim. E desejo-o como qualquer mortal. Mas esse prazer vivo-o com a mesma intensidade em qualquer dia do calendário. E tenho necessidade de sentir a amizade e o carinho com a maior frequência possível.

No mais recente dia de aniversário do meu nascimento, logo de manhã, recebi mensagens de felicitações geradas automaticamente, seguidas de aviso de impossibilidade de responder, da instituição em que trabalho, de uma loja de óculos, de uma casa de aparelhos auditivos e da farmácia. “Mails” com condições idênticas chegaram de uma editora e do banco que me cobra para ter o meu (pouco) dinheiro. Que me interessa isto?

Na rede social a que um dia aderi para ler os textos do Professor Galopim de Carvalho sou alertado para as datas de aniversário de muitas pessoas, de que, ordinariamente, não me lembraria. Que valor tem eu felicitar essas pessoas se isso acontecer apenas porque a tecnologia me avisa?

E, no entanto, todos os pretextos são bons para fazermos sentir a outros que os estimamos. Fazê-lo fá-los sentirem-se bem, eles e nós. É assim como que pôr pitadas de açúcar no mundo, no nosso mundo e no mundo daqueles com quem gratamente o partilhamos.

Haja pois, muitas e boas e sentidas felicitações.

José Batista d’Ascenção