De Setembro se dizia, antigamente, no país “profundo”, que tanto pode secar montes e fontes como levar açudes e pontes. De momento tem valido a primeira alternativa, mas o Verão aproxima-se do termo e podem não estar longe as primeiras chuvas fortes. Deixando agoiros de lado, e sem confiança ilimitada no que chamam “Protecção Civil”, sempre havia de convir que os senhores autarcas e outros responsáveis pensassem atempadamente em alguma verificação do estado de bueiros e condutas de águas pluviais, pelo menos naquelas zonas, urbanas ou outras, onde os riscos de inundação sejam mais temíveis.
Era eu menino e via, lá na aldeia onde nasci e vivi até ao fim da escola primária, o guarda-rios, não aquela ave azul vivo comum ao longo dos cursos de água, mas um profissional que andava por ribeiras e rios e verificava se os donos dos campos das margens não entulhavam os leitos ou se as pessoas procediam indevidamente em relação a outros aspectos: poluição da água, pesca ilegal, etc. Não sei se tal função ou equivalente existe hoje, mas, se houvesse e tivéssemos pessoas competentes a desempenhá-la, talvez se evitassem algumas situações de ruína de pessoas e bens…
Com alívio para muitos, os dias decrescem, as temperaturas baixam, a chuva virá e os incêndios hão-de ser extintos. Vivemos muitos dias de Agosto e de Setembro com o coração na boca, cheios de perplexidade, horror e desespero, tantos sofrendo ao vivo e praticamente todos através das televisões. E não sem espanto, um espanto que nos dilacera todos os Verões e que, repetidamente, nos apanha desprevenidos. Isto é tão contraditório e inacreditável, quanto real e intrinsecamente nosso!
Que podemos/devemos nós (cada um de nós) fazer (ou exigir que se faça), já este Inverno e na próxima Primavera, para minorarmos os previsíveis infernos dantescos do Verão de 2017?
Esperar milagres? Ou tentar fazer algo que os tornasse menos necessários?
Resta ainda aquela pergunta que, com muito má consciência, podíamos formular, se não aos Deuses, não fôssemos desagradar-lhes, pelo menos à Natureza, que temos em pouca conta:
Que te fizemos Natureza, para reagires assim?
José Batista d’Ascenção
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