Os portugueses não gostam de árvores. Aparentemente, os políticos portugueses também não. Os bracarenses, especificamente, não gostam de árvores. Consequentemente, os autarcas de Braga também não gostam (ou é o que parece e que contraria a ideia que tinha de alguns deles...).
Anteontem, à tarde, regressava a casa, passando pelo que, daqui a pouco, seria o maior e melhor e mais confortável e mais belo túnel de verde das artérias de Braga, quando deparo com um exército de podadores e maquinaria e polícias a proceder a uma poda de árvores, quando elas se preparam para desabrochar. Foi um desapontamento e uma revolta. Chegado a casa tomei a iniciativa de enviar «mail» de indignação e de protesto para o presidente da câmara, para o vice-presidente e para os vereadores do urbanismo e do ambiente. O meu esforço não teve consequências positivas, o trabalho de destruição das árvores continua, diligentemente.
Poda, em Abril, numa das poucas artérias arborizadas (de uma freguesia limítrofe) de Braga |
Reproduzo de seguida o mail enviado, com omissão do que não interessa e pequena correção dentro de parêntesis recto:
Assunto: Podas inadmissíveis na estrada de Real
Data: Mon, 3 Apr 2017 17:15:41 +0100
De: José Batista <josbat@sapo.pt>
Para: presidente@cm-braga.pt, firmino.marques@cm-braga.pt, miguel.bandeira@cm-braga.pt, altino.bessa@cm-braga.pt
Ex. mo Senhor Presidente da Câmara
Ex. mo Senhor vice-Presidente da Câmara
Ex. mos Senhores Vereadores do Urbanismo e do Ambiente
Eu, [nome], morador em […], acabo de passar na estrada de Real e fiquei consternado: o maior e melhor e mais bonito túnel de verde e de sombra de (toda a) Braga e arredores [exceptuando o Bom Jesus, que não é da responsabilidade da autarquia], está a ser diligentemente podado, quando as árvores (lódãos) ainda mal despontam. Como é possível?
- Esta não é altura de podar árvores.
- Aquelas e todas as árvores produzem oxigénio (tão necessário), consomem dióxido de carbono (tão perigosamente abundante), começam a fazer sombra (tão útil e agradável), moderam as temperaturas (tão extremadas) e são um consolo para a vista e para a alma. Parei, fui fotografá-las, antes da decapitação...
- Pago, como é da lei, e do dever, todos os meus impostos e não compreendo: como se gasta tempo, energia e dinheiro com afazeres tão prejudiciais? Porque não se limpam as bermas das estradas, onde não é improvável que venham a ocorrer fogos dentro de pouco tempo? Ou as florestas, pelo menos nos sítios mais perigosos para pessoas, animais e habitações?
Fui falar com os agentes que vigiam o acto, que me parece criminoso. Foram simpáticos (ao menos isso), disseram-me que terão sido pessoas a pedir aquela poda (não sabendo eu o que ganham com isso, porque aquelas árvores vão rebentar com mais força daqui a um mês e produzir mais pólen ainda, se é esse o problema, que outro não vejo...) e que só a intervenção junto da Câmara poderia contribuir para parar o delito que está a ser feito. Por isso esta minha comunicação, in extremis.
Se nada for feito ainda, conto publicar as fotografias de antes e de depois e imputar as responsabilidades a quem as deve assumir, que é o mínimo que posso fazer.
Com muito pesar.
Aceitem os meus melhores cumprimentos.
[nome]
Fim da reprodução.
A mesma artéria, vista no sentido oposto |
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