quarta-feira, 28 de junho de 2017

Desprotecção civil

EDP - o serviço que (não) presta e o muito que nos cobra, perante a indiferença dos poderes constituídos.

Pouco podem e pouco valem os cidadãos no meu país. Ontem foi um dia com várias séries de interrupções e intermitências no fornecimento de energia eléctrica na zona onde moro, pelo que decidi enviar à Junta de Freguesia o “mail” que se segue:

«Assunto: Muitas falhas de corrente eléctrica no dia 27 de Junho
Data: Wed, 28 Jun 2017 08:04:50 +0100
De: José Batista <(…).pt>
Para: geral@jf-(...).com

Ex.mo Senhor Presidente da Junta de Freguesia de (…)
Eu, José Batista da Ascenção, morador no nº (…) da rua (…), em (…), exponho o seguinte:
Ontem, dia 27 de Junho, durante a tarde e à noite houve muitas falhas de corrente eléctrica, em certas horas, com muita frequência e intermitência. Este problema, que já ocorreu noutras ocasiões, pode causar problemas no funcionamento de electrodomésticos e equipamentos (sistemas informáticos, relógios, etc.), além de perturbar a realização de certos trabalhos e causar incómodo.
Por essa razão, requeiro que se verifique onde pode estar a origem do problema: se é local e dependente de alguma actividade que a Junta de Freguesia superintende, o que deve averiguar e mandar corrigir, ou se é da responsabilidade da EDP. Caso seja da responsabilidade da EDP, solicito que a Junta de Freguesia reclame junto daquela entidade, uma vez que os consumidores portugueses pagam a energia excessivamente cara, alimentando lucros desproporcionados. Faço esta solicitação porque a reclamação individual junto da EDP, que já fiz noutra ocasião, originou desculpas inaceitáveis de total autodesresponsabilização.
Muito obrigado.
Com os melhores cumprimentos.
José Batista d´Ascenção»

A resposta que obtive, pela mesma via, cinco horas depois, foi a seguinte:

«Assunto: Re: Muitas falhas de corrente eléctrica no dia 27 de Junho
Data: Wed, 28 Jun 2017 13:13:52 +0200
De: geral@jf-(...).com
Para: José Batista <josbat(...).pt>

Ex.mo Senhor José Batista D`Ascenção
Agradecemos que solicite esclarecimentos a EDP, dado que nos foi informado de uma grande avaria no setor Norte.
Com os melhores cumprimentos
Junta de Freguesia de (…)»

Ora, no Outono de 2013, face a problema idêntico, com dano de equipamento informático, depois de contactar a Junta de Freguesia, dirigi reclamação à EDP, de que obtive a seguinte resposta:

«Nossa Referência: E-mail 14762/13/Externos CCenter
Data:  22 - 10 -  2013
Para: José Batista <josbat(...).pt> 
Assunto: Danos em equipamento (PN 2002966988 - 201123562298)

Estimado Cliente,
Gostaríamos de agradecer o seu contato e de o informar que não podemos assumir a responsabilidade do dano que nos referiu.
De facto, o incidente consistiu em interrupções e reposições de energia na rede de média tensão de (...), sendo os equipamentos elétricos construídos para suportar essas situações.
Lamentando o incómodo, apresentamos os melhores cumprimentos,
João Marques
(EDP Distribuição)»

Se comigo, que me dirigi respeitosamente a uma autarquia e a uma entidade fornecedora de um serviço fundamental, me despacham assim, o que será de quem nem é capaz de expor os seus problemas?
Meu país!

José Batista d'Ascenção

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Pedrógão Grande visto do espaço, antes e depois da catástrofe

Imagens da Agência Espacial Europeia:




A meio das imagens, na confluência dos rios Zêzere e Unhais, a barragem do Cabril, em Pedrógão Grande (zona entre as manchas escuras, na segunda fotografia).  Mais a sul, no Zêzere, a barragem de Castelo do Bode.

José Batista d'Ascenção

terça-feira, 20 de junho de 2017

Não ter (quase) nada e perder tudo – homenagem aos mortos dos incêndios do Verão de 2017

Quer a gente sossegar e não consegue. Quer fazer algo e não sabe como. Somos pequeninos, muito pequeninos e gritamos porque somos (e nos sentimos) pequeninos (este texto também é um grito). Porque queremos ouvir-nos, supondo que alguém nos ouve. E não escutamos. Não guardamos silêncio. Não reflectimos suficientemente. Não ouvimos a dor muda dos que não têm palavras. E atropelamo-los com a nossa excitação. Não respeitamos o silêncio mortal dos que ficaram endurecidos pelo sofrimento. E que não toleram que lhes toquem nas feridas. Ou toleram porque a dor é tal que ultrapassou o limite da sensibilidade que os faria reagir. O que fizemos de nós? O que fizemos dos nossos irmãos? O que fizemos do nosso país? Da nossa Terra? Do nosso chão? Impantes, esquecemos as origens, tão próximas, tão pobres e tão humildes. Arrogantes, temos receitas para tudo, até para desprezar os simples que não querem nem sabe(ria)m viver fora do meio que os viu nascer. Das nossas origens. Do nosso território, de onde migrámos, ia escrever fugimos, para as "aldeias" maiores do país, chamem-se Lisboa, Porto ou Coimbra…
Vamos “queimando” o país, em dívidas sempre, e pelo fogo, real, nos meses infernais do Verão. “Queimamo-lo” ainda pela falta de nascimentos, pelo mau funcionamento das famílias, que não educam, da escola, que ensina pouco e forma mal (como podia?...) e pela política que impõe - e chega a sugerir explicitamente! - a emigração dos jovens.
E contudo, Portugal, não está pior agora do que em qualquer outra altura da sua História. Não tenho saudades de qualquer época do passado. Tenho-as do futuro, que não me pertence, e que muito gostaria de ver sorrir às crianças e jovens, de hoje e de amanhã.
Pelo que não nos é permitido perder a esperança. À vida, com coragem renovada. Sempre. Sem esquecer.
Mesmo que esmagados pelo luto, a toda a hora é a hora, durante a tormenta e passada que ela seja.
In memoriam.

José Batista d’Ascenção

domingo, 18 de junho de 2017

O inferno dos incêndios, agora e todos os Verões futuros, se nada fizermos para o evitar

Segundo afirmação atribuída ao senhor Presidente da República, relativamente à tragédia de Pedrógão Grande, “o que se fez foi o máximo que se poderia ter feito”. Permito-me, no entanto, referir que o que devia ter sido feito durante o Outono, o Inverno e a Primavera, no que respeita à desejável prevenção, não foi o que fizemos. Nem na região da catástrofe nem em nenhuma outra do interior florestal do país. Esse receio deixei-o expresso aqui e aqui. O tempo é de dor inexprimível. E de luto. E de angústia. E de medo. Tanto quanto tem de ser um tempo de coragem. E tanto quanto devia ser um tempo de determinação em fazer alguma coisa mais, atempadamente, agora e no futuro. Até porque o estado miserável, em termos ordenamento, limpeza e gestão da floresta, e das áreas de mato, pinheiros e eucaliptos que, em tantas localidades, crescem em cima de casas de habitação, fazem temer o pior nas próximas 15 semanas. O mesmo se deve dizer para as bermas das estradas e das faixas de contenção que as deviam marginar.
Não aceito que, com a diversidade e a qualidade da tecnologia de que hoje dispomos, as Juntas de Freguesia e as Câmaras Municipais não possam fazer um pouco mais em matéria de limpeza de certas zonas, designadamente a envolvência de habitações e aldeias e de vias de circulação. De resto, nestes tempos de campanha eleitoral, não são poucas as autarquias que oferecem jantares e passeios às populações, sobretudo da meia-idade e idosas, a custo zero, quando, o que é fundamental é saber se dispõem de água potável e abundante no Verão, se os pisos das ruas onde moram estão em condições, se têm iluminação adequada, se dispõem de lenha que aqueça as habitações no Inverno, etc.; e, muito particularmente, se as suas aldeias e habitações correm o risco de serem devoradas pelo fogo nos horríveis meses do Verão. Isso, sim, seria dinheiro - qualquer cêntimo que seja! - bem gasto.
Mas nós não costumamos aprender nada, nem mesmo quando a morte, impiedosa e horrenda, devasta um grande número de pessoas.
Não, este tipo de calamidade, por muito más que sejam as condições climatéricas, não é inevitável.

José Batista d’Ascenção

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Trump (2)

Depois de ouvir James Comey, ex-director do FBI, lembrei-me de uma caricatura de Henrique Monteiro, de 09/05/2016, intitulada «A cólica».
Ei-la:
Afixado por José Batista d'Ascenção

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Trum! Trump! = Terrorismo ambiental!

Com bazófia, Trump anuncia que os Estados Unidos da América rompem o acordo de Paris.
Tempos difíceis. Ao terrorismo bélico, político, económico e financeiro, soma-se o terrorismo ambiental. Pela mão do mais absurdo, imprevisível e perigoso presidente (com minúscula) dos EUA.
Que mais nos irá acontecer?
E diz Stephen Hawking que dentro de 100 anos os seres humanos têm que sair da Terra, devido à destruição do planeta.
Se pudessem levar já o Trump, talvez nos salvássemos...

José Batista d'Ascenção