Segundo
afirmação atribuída ao senhor Presidente da República, relativamente à tragédia
de Pedrógão Grande, “o que se fez foi o máximo
que se poderia ter feito”. Permito-me, no entanto, referir que o que devia ter
sido feito durante o Outono, o Inverno e a Primavera, no que respeita à
desejável prevenção, não foi o que fizemos. Nem na região da catástrofe nem em
nenhuma outra do interior florestal do país. Esse receio deixei-o expresso
aqui e aqui. O tempo é de dor inexprimível. E de luto. E de angústia. E de medo. Tanto
quanto tem de ser um tempo de coragem. E tanto quanto devia ser um tempo de
determinação em fazer alguma coisa mais, atempadamente, agora e no futuro. Até
porque o estado miserável, em termos ordenamento, limpeza e gestão da floresta,
e das áreas de mato, pinheiros e eucaliptos que, em tantas localidades, crescem
em cima de casas de habitação, fazem temer o pior nas próximas 15 semanas. O
mesmo se deve dizer para as bermas das estradas e das faixas de contenção que
as deviam marginar.
Não aceito que, com a diversidade e a qualidade da tecnologia
de que hoje dispomos, as Juntas de Freguesia e as Câmaras Municipais não possam
fazer um pouco mais em matéria de limpeza de certas zonas, designadamente a
envolvência de habitações e aldeias e de vias de circulação. De resto, nestes
tempos de campanha eleitoral, não são poucas as autarquias que oferecem
jantares e passeios às populações, sobretudo da meia-idade e idosas, a custo
zero, quando, o que é fundamental é saber se dispõem de água potável e
abundante no Verão, se os pisos das ruas onde moram estão em condições, se têm
iluminação adequada, se dispõem de lenha que aqueça as habitações no Inverno,
etc.; e, muito particularmente, se as suas aldeias e habitações correm o risco
de serem devoradas pelo fogo nos horríveis meses do Verão. Isso, sim, seria
dinheiro - qualquer cêntimo que seja! - bem gasto.
Mas nós não costumamos aprender nada, nem mesmo quando a
morte, impiedosa e horrenda, devasta um grande número de pessoas.
Não, este tipo de calamidade, por muito más que sejam as
condições climatéricas, não é inevitável.
José
Batista d’Ascenção
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