domingo, 28 de abril de 2019

Uns dias nas Galápagos (V) – aspectos da vida das pessoas, que lá vão e que lá moram

Com esta série de textos homenageio humildemente Charles Darwin que, no seu tempo, ao que parece, não teve ninguém que o lesse em Portugal continental.

Imagem obtida da Google
Prevenidos mediante a chamada «consulta do viajante», que havíamos feito atempadamente, tomámos todo o cuidado com a água para beber, evitámos os sumos naturais refrescados com blocos de gelo, sempre servidos à refeição (almoço e jantar), e deixámos de lado as saladas de vegetais crus, que sempre acompanhavam o segundo prato. Isto foi nos primeiros dias. Por vermos outros fazê-lo descontraidamente, sorrindo-nos, experimentámos cautelosamente, um de cada vez, os sumos e, mais tarde, as saladas. Limitámo-nos ao cuidado rigoroso com a água e não houve qualquer problema com nenhum dos três. Curiosamente, na viagem de regresso, a comida do avião não caiu propriamente bem em dois de nós.
As pessoas nativas com quem contactámos, funcionárias dos hotéis, taxistas, empregadas/empregados de restaurantes e lojistas, para além de pessoas na rua, têm feições marcadas, com tez morena e cabelo preto, e sorrisos meigos que mostram uma dentição branca e sem falhas. Não vimos pessoas de grande estatura física nem demasiado gordas. Admito que estes traços morfológicos resultem de factores genéticos, da alimentação (muito rica em vegetais) e das condições do clima. Todas as pessoas com quem falámos nos trataram com simpatia. E, nos poucos casos em que adiantámos uma pequena gorjeta (que a maior parte espera e agradece), abriam-se sorrisos de franco contentamento. Sendo mais difícil do que parece a comunicação em espanhol (que nós supomos que entendemos facilmente e não é bem assim…), e porque nos perguntaram mais que uma vez se éramos brasileiros, verificámos que ninguém sabia da existência de Portugal. Para facilitar a compreensão experimentei referir o nome de Cristiano Ronaldo e aí, sim, eles conheciam. Num caso expliquei que Portugal era um país «colado» à Espanha, muito antigo, com quase novecentos anos, e que colonizara o Brasil, ao tempo em que a Espanha fez outro tanto no resto da América do Sul e Central.
O Equador é um país pobre. Nas diferentes ilhas, as habitações têm, de comum, o primeiro piso, com a primeira placa a servir de tecto e é assim que são habitadas. Sobre a placa, apontados ao céu, com a extremidade superior prolongando-se pelas vergas de ferro, expostas, erguem-se verticalmente pilares de cimento para, ao que nos foi dito, quando as pessoas tiverem dinheiro, acrescentarem novos pisos. Isto cria (aos nossos olhos) uma impressão esquisita de casas inacabadas ou em obras permanentes, com prejuízo da harmonia estética.
Ficou-nos a impressão de que todas as pessoas das ilhas têm uma relação muito pacífica com os animais, pela atitude serena com que convivem uns com os outros. Por maioria de razão isso acontece com todos os que trabalham no Centro de Investigação Charles Darwin, em Puerto Ayora, em Santa Cruz, ou no Centro de Interpretação em Baquerizo Moreno (a capital do arquipélago das Galápagos, cidade com menos de 7.000 habitantes), na ilha de S. Cristóvão, e com os que servem no Parque Nacional das Galápagos, com quem aquelas instituições colaboram. Nessas instituições, como o Centro Charles Darwin, trabalham pessoas de países estrangeiros, parte delas, pelo menos, em regime de voluntariado. Era o caso de uma jovem bióloga marinha inglesa, que fazia saber, discretamente, que o dinheiro que se cobra aos turistas, antes de embarcar no avião, em Quito, e à chegada, em Baltra, assim como a taxa de entrada em algumas ilhas (dez dólares por pessoa para desembarcar em Isabela), não chega ao Centro de Investigação de Darwin. Numa criação de tartarugas na ilha Isabela, uma jovem que lhes limpava o espaço e fornecia alimento, era asiática…
O controlo de passageiros e bagagens nos ancoradouros de chegada/partida de cada ilha era muito rigoroso, mas feita por profissionais correctos e eficientes. Os que servem nas embarcações revelam igual eficiência. Para se viajar por conta própria entre cada ilha, um barquinho pequeno com 10-12 pessoas leva os passageiros e as bagagens desde a plataforma de saída até uma lancha maior, que pode levar 20-25 pessoas, e que espera a cento e cinquenta ou duzentos metros do ancoradouro. Quando se chega a outra ilha, pessoas e volumes são transferidos, a uma distância semelhante, para os barcos pequenos que os conduzem à plataforma de chegada do ancoradouro, onde se faz o desembarque. Saltámos de ilha em ilha, cada um com uma mochila e a sua «maleta» e, não obstante tanto tombo das malas (que resistiram bem, apesar de maltratadas), tudo correu bem.
Nas ilhas, nas cidades ou nos circuitos visitáveis, circulámos a pé ou chamávamos táxis. Em Puerto Ayora, qualquer percurso na cidade ficava por um dólar e meio; em Puerto Villamil (Isabela) cada percurso na cidade ficava a um dólar por passageiro. Os taxistas forneciam informações suficientes para nos orientarmos. Nos centros de criação de tartarugas, de interpretação ou de investigação, havia informação escrita clara e bastante.
Com base no trabalho que realizou em grande parte nas ilhas Galápagos, cerca de 24 anos antes, Charles Darwin publicou em 1859 o livro: «On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life», que mudaria para sempre as ideias sobre a origem e evolução das espécies, incluindo a humana. Que o trabalho que se faz actualmente no arquipélago seja fonte de saber e exemplo inspirador para que o ser humano não apresse o seu fim sobre este belo planeta azul que nos cabe habitar e deixar aos vindouros.

FIM

José Batista d’Ascenção

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Uns dias nas Galápagos (IV) – notas curtas sobre a flora

Como dito em texto anterior, o coberto vegetal nas Galápagos é variável, dependendo da disponibilidade de água no solo, seja pelo grau de secura seja pela elevada quantidade de sais, consequência da forte evaporação, facto verificável em diversos lagos salgados como presenciámos no interior das ilhas Santa Cruz e Isabela. Em consequência, a vegetação típica inclui desde cactos característicos das regiões áridas destas ilhas, do género Opuntia, de que se originaram variedades endémicas, e «cactos candelabro», endemismo que observámos na ilha Isabela, até ao verde intenso das zonas onde os solos são mais húmidos.
Onde o crescimento é viçoso, as árvores podem apresentar-se cobertas de líquenes, que pendem abundantemente, fazendo lembrar tufos densos de teias de aranha. Em certas zonas, há trilhos bem delimitados e sinalizados que conduzem os passeantes por frondosos e frescos túneis de sombra.
Líquenes pendem de uma árvore
Uma árvore típica destas ilhas, pertencente à família das «euforbiáceas», dá um fruto verde que faz lembrar uma pequenina maçã (sendo que as macieiras pertencem a uma família diferente, a família das «rosáceas»). O fruto contém uma substância leitosa tóxica para os humanos. Por isso, são frequentes as tabuletas com avisos recomendando os necessários cuidados, na base destas árvores. Estes frutos são, no entanto, consumidos pelas tartarugas gigantes que as digerem sem que lhes causem qualquer mal.
A mancenilheira dá frutos venenosos






Nas zonas baixas, sujeitas à variação do nível das águas das marés, crescem os mangais. As raízes destas plantas fixam os solos e constituem bons ambientes para o refúgio e habitat de muitos peixes e vários outros animais. Na ilha Isabela vimos referidos quatro tipos de mangal, um deles arbóreo, o qual pode atingir grandes dimensões. Nesta ilha, percorrendo a pé ou de bicicleta «el sendero» até «el Muro de Lágrimas», na zona do «Estero» pode observar-se um exemplar com um tronco com dois metros de diâmetro.
Entre os espécimes de cultivo, já foram referidos, em texto anterior, verdejantes e produtivos bananais, com frutos de grande tamanho, comparativamente a muitos dos que consumimos nos nossos supermercados. Nas zonas habitadas, junto das habitações, coqueiros, alguns com mais de 10 metros de altura, exibem abundantes frutificações.
Não vimos áreas de milheirais, mas vimos frequentemente, às refeições, pessoas comerem maçarocas de milho assado. E a nós mesmo foi-nos servido, como acompanhamento de um saboroso creme de abóbora, no início de um almoço, um pires de pipocas (por pessoa). Provámos a combinação, mas não fomos além disso.

José Batista d’Ascenção

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Uns dias nas Galápagos (III) – apontamentos sobre a fauna

Os animais mais icónicos das ilhas Galápagos são, talvez, as tartarugas gigantes, as iguanas e os leões-marinhos. Mas, a diversidade animal é muito rica, incluindo as formas terrestres, as marinhas e as que ocupam ambos os meios. Felizmente, os habitantes das ilhas, que não só os que estão ligados às organizações e instituições ambientais, parecem ter uma consciência muito aguda do valor do património que lhes pertence, a eles como à humanidade inteira. E isso é muito encorajador.
As aves terrestres incluem passeriformes variados de pequeno tamanho, pretos, pardos, esverdeados e amarelos até outros de dimensão maior, pedreses, como os tordos, ou do tamanho e da cor dos melros, embora com rectrizes muito mais longas. Estes pássaros, frequentemente, deixam que os humanos se aproximem deles até à distância de escassos palmos, de maneira que, alguém muito hábil e ágil, talvez os pudesse apanhar à mão. Num percurso de táxi, pelas sete da manhã, no sentido sul-norte, na ilha de Santa Cruz, era preciso guinar a direcção frequentemente e buzinar constantemente para evitar uma mortandade e, mesmo assim, à velocidade de 60 Km/hora, alguns embateram contra o para-brisas. Nas zonas verdes de S. Cristóvão e Isabela, as pequenas aves comportavam-se da mesma forma.
Nas florestas, mais verdes ou mais áridas, encontram-se frequentemente tartarugas gigantes, a maioria das quais é libertada de centros de criação onde se reproduzem abundantemente. Na Natureza, estes animais também acasalam (entre Março e Junho), em acto custoso e de consumação demorada, mas eficaz (pudemos presenciá-lo, e houve quem, da nossa pequena comitiva, tivesse paciência para o filmar, até ao fim), mas a sobrevivência é muito difícil, porque os ovos, nos ninhos, enterrados no chão (com posturas entre 6 e 14 ovos, em muitos casos), são comidos por formigas, ratos e javalis. Estes animais foram introduzidos pelo Homem, assim como gatos, cães, cabras, burros e vacas, e muitos deles tornaram-se selvagens. Os cães trincam os juvenis quando as suas carapaças são ainda tenras. Cabras, burros e vacas pisam os ninhos, destruindo os ovos, e competem com as tartarugas adultas pelo alimento (ervas, porções de vegetação e mesmo os cactos). Os burros, por exemplo, evoluíram no sentido de rasparem pacientemente os espinhos das «Opuntias» com os cascos para comerem as partes carnudas dos caules.
As iguanas, muito abundantes, nas diversas ilhas, são indiferentes à presença humana (ninguém as maltrata) e são muito protegidas: sinalização nas estradas e outros locais apela à atenção ao atravessamento destes seres (é-lhes dada «prioridade»…) e obriga à circulação pedonal por trilhos específicos a fim de evitar pisar os ovos em «zonas de nidação». Como, depois de saírem do mar, ficam dormentes ao sol durante horas, não só sobre as rochas como sobre a areia das praias, nos passadiços, nos passeios ou em outras áreas, todos têm cuidado em não as pisar nem perturbar.
Os leões-marinhos são outras criaturas típicas das ilhas Galápagos. Deitam-se sobre as rochas, na areia, nas plataformas dos ancoradouros, em bancos de madeira, sempre que os haja, onde passam horas depois de regressarem do mar. Então, as crias fazem um ruído considerável a comunicarem com as progenitoras, solicitando amamentação, durante a qual sugam avida e ruidosamente o leite, em tempos que podem prolongar-se por mais de três quartos de hora. Adultos e juvenis não se afastam nem receiam as pessoas.
Nos lagos salgados, flamingos e patos deixam-se observar e fotografar de perto. Nas praias, garças-reais podem ser fotografadas a um metro de distância, já as garças-brancas não permitem tão grande aproximação. Pelicanos podem ser observados de perto, poisados, em voo ou a pescar. A diversidade de aves nas zonas de praia é extraordinária, apresentando características curiosas como a cor azul ou vermelha das patas (patola de pés azuis e patola de pés vermelhos, respectivamente), a morfologia do corpo e as cores, caso da fragata e outras. Nas orlas costeiras e praias, nadando com máscara e tubo de respiração («snorkeling»), é fácil ver de perto grande variedade de peixes, incluindo tubarões, leões-marinhos e iguanas. Um fenómeno curioso, a destoar do habitual, passa-se com alguns peixes (escuros, com 8-10 cm) que podem dirigir-se para os nadadores, picando-os (nada de doloroso), como que a enxotá-los de um meio que parecem defender como seu.
Do ancoradouro dos barcos, facilmente se vêem tartarugas marinhas, raias, tubarões e leões-marinhos. Um espectáculo digno de ser visto é o mercado em Puerto Ayora (Santa Cruz) à chegada do peixe fresco, que os vendedores amanham perante os interessados humanos e os atentos e disciplinados e próximos leões-marinhos, pelicanos e outras aves. Os restos e uma ou outra porção são atirados habilmente e estes animais apanham-nos sem que caiam no chão ou na água, assim se fazendo, eficientissimamente e com graça, a sua remoção e reciclagem e a higiene dos espaços. Não há putrefação nem maus cheiros e tudo é naturalmente sustentável. Parecem sabê-lo intrinsecamente todos aqueles seres viventes: aves e mamíferos, pessoas incluídas. 

José Batista d’Ascenção

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Dia da Liberdade

25 de Abril de 1974, a data a partir da qual os portugueses puderam ser livres

Transporto esta data no coração. Liberdade não é apenas a suposição de a ter. Exige condições para poder ser efectiva. E as possibilidades económicas podem nem ser as mais determinantes. Eu colocaria em primeiro lugar a educação e a formação, só cedendo prioridade à necessidade estrita da alimentação e das condições básicas de saúde. Contudo, em matéria de educação, o 25 de Abril não se cumpriu minimamente, em minha opinião, mas não por culpa dos que o fizeram.
Os militares de Abril abriram a porta para a liberdade. Deram-nos a possibilidade. Cumpriram o seu dever (descontando os casos de protagonistas com ideias não conformes com o meu conceito de liberdade, que sempre os teria de haver). E não pediram nem receberam nada em troca. Não esqueço que a viúva de um Homem-símbolo, herói impoluto do 25 de Abril – Salgueiro Maia – nem sequer teve direito a uma pensão do Estado, ao contrário do que aconteceu com servidores da sinistra polícia política do «estado novo», vulgo PIDE.
Por isso celebro esta data. E dedico aos capitães de Abril estas palavras, que são de gratidão e de esperança. Abril não morre(u) no peito dos que amam a liberdade.
Porque os cravos vermelhos são serôdios em Braga (na minha floreira só florescem lá para fins de Maio) deixo uma azálea abundante em flores coloridas, que há semanas desabrocharam exuberantemente no meu quintal.
Pela Liberdade. Pelos que generosamente no-la ofereceram. E pelos que a amam e lutariam por ela.

José Batista d’Ascenção

terça-feira, 23 de abril de 2019

Uns dias nas Galápagos (II) – a tonalidade do solo, a falta de água (doce) e a diversidade da paisagem.

Iguana sobre a lava da praia
De origem vulcânica, em consequência da actividade de um «ponto quente» (zona de ascensão de material fundido proveniente do interior profundo da Terra) sob a placa tectónica (porção da camada rígida exterior do planeta - a litosfera -, comparável, grosso modo, à casca de uma laranja) em deslocamento para oriente, as ilhas Galápagos são tanto mais recentes, geologicamente, quanto mais ocidentais, porque situadas mais próximo ou «em cima» do «ponto quente», que alimenta os vulcões e justifica o vulcanismo activo na actualidade, como acontece na ilha Fernandina.
O chão das ilhas é, portanto, basáltico, seja o solo propriamente dito, sejam as rochas lávicas que lhe dão origem. E a sua cor é escura, preta ou com tons avermelhados devido à oxidação do ferro contido em certos minerais (o ferro é um elemento químico que se combina facilmente com o oxigénio, tomando a cor da ferrugem).
Não obstante a natureza basáltica de todas as ilhas, onde se encontram as mais diversas formas de lavas que conhecemos dos manuais, assim como túneis de lava, as praias que visitámos são de areia branca, muito fina, por vezes extensas, distinguindo-se, nalgumas delas, porções de conchas e de restos de corais que se vão fragmentando por atrito e choque continuado, umas contra as outras, no fluxo e refluxo das marés.
À saída de um túnel de lava
Os animais autóctones que vivem e se deslocam sobre o solo/rochas tendem a ser escuros, confundindo-se com a cor do substrato, por razões de camuflagem. Nas praias de lava basáltica é comum olharmos e vermos apenas as rochas num primeiro relance para, um minuto depois, as distinguirmos abundantemente povoadas por iguanas que se esparramam ao sol, como se estivessem mortas. O mesmo acontece com miríades de caranguejos negros, entre os quais surgem alguns de cores vivas: vermelho, amarelo e azul. Entre os pássaros pequenos que se deslocam sobre o solo, há-os igualmente pretos, tonalidade que abarca as penas, as patas, o bico e os olhos. Escura é ainda a cor das tartarugas e os leões marinhos, quando molhados, são negros (tom que passa a castanho quando o pêlo seca).
Tartaruga gigante das Galápagos
Tratando-se de ilhas equatoriais em que as altas temperaturas fazem evaporar a água das chuvas, as reservas de água doce são escassas. Por outro lado, onde há água doce subterrânea, os aquíferos estão contaminados, motivo por que a água das torneiras não é potável. O viajante deve beber sempre água engarrafada e lavar os dentes com essa água. Nas ilhas povoadas há distribuição de uns barris plásticos de 15-20 litros e recolha dos vazios para utilizações sucessivas. Nos hotéis e restaurantes é suposto usar-se essa água para beber e cozinhar. A natureza dos solos, a temperatura e a humidade determinam o tipo de vegetação, a qual condiciona a vida animal. Nas Galápagos, aqueles factores, muito influenciados pela altitude, originam desde paisagens áridas, com plantas adaptadas à secura, entre as quais se contam os típicos cactos do género Opuntia e os endémicos «cactos candelabro», à floresta tropical, verdejante e frondosa, com árvores cheias de líquenes, assim como culturas de exuberantes bananeiras (que dão bananas de vários tipos, de tamanho grande, e tom que pode ser o comum ou de tipo avermelhado). Esta diversidade de paisagens pode ocorrer na mesma ilha, como é caso de Santa Cruz.

José Batista d’Ascenção

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Uns dias nas Galápagos (I) – as viagens

Imagem da «Google»
Lá longe, a milhares de quilómetros de Portugal (mais de dez mil…) toma-se um avião para Madrid. Com sorte, espera-se à volta de uma hora, o que exige despacho e bagagem de mão fácil de transportar (em dias de muito trânsito há hordas de pessoas e pode ficar longe o local de saída de um avião e o de embarque no outro, pelo que convém apanhar o comboio automático do aeroporto, eventualmente com os viajantes à cunha). Depois são quase nove mil quilómetros para sobrevoar o Atlântico e o norte da América do Sul e aterrar em Quito, a capital do (país) Equador, ao fim de cerca de nove horas. O melhor é pernoitar ali e tomar um voo, manhã cedo, para as ilhas, com paragem a meio, na cidade de Guayaquil, para abastecer o avião, levantar voo e descer no aeroporto ecológico de Baltra, num tempo que anda próximo de três horas. Em Quito, para embarcar para as Galápagos, há, para além das formalidades habituais dos aeroportos, mais uma fila para registo de cada viajante para as Galápagos, verificação dos passaportes e pagamento de uma taxa de 20 dólares (americanos) por pessoa. Ainda antes de descer, no avião do último voo, cada viajante preenche um pequeno inquérito («declaracíon juramentada de mercancías»), tendo de declarar se é portador de plantas, flores, sementes, areia, rochas ou minerais…, se esteve em lugares de concentração de animais domésticos nas últimas 72 horas, etc.
Imagem obtida aqui.
Na pequena ilha de Baltra, no aeroporto, após novos formalismos, que incluem o controlo de passageiros e bagagem e o pagamento de nova taxa de 100 dólares por pessoa, toma-se um autocarro para um percurso curto até à (pequena) embarcação que faz escassas centenas de metros até ao norte da ilha de Santa Cruz. Dali toma-se um autocarro ou um táxi (nas Galápagos, os táxis são «pick-up» de cinco lugares, com as bagagens na caixa aberta) e fazem-se 42 quilómetros até Puerto Ayora, no extremo sul da ilha.
No regresso, no percurso inverso, são menos horas entre a origem e o destino, se se sair manhã cedo, apesar de a espera em Madrid pelo voo para Portugal poder demorar várias horas (cerca de quatro, no nosso caso). Tendo saído de Puerto Ayora às 06.30 de uma manhã sábado, chegámos por volta das 16.30 horas de domingo ao Porto).
Viagens assim só se fazem se o destino valer a pena. As Galápagos valem.

José Batista d’Ascenção