Nos dias deste Verão, em que passei revista a uma série de livros da minha adolescência, ficou-me na mão a «Clarissa», de Erico Veríssimo. Li umas passagens, de imediato umas páginas e logo o reli por inteiro, sem parar. Uma escrita simples, clara, escorreita que deixa ver à “transparência” a alma das personagens. Em que é agradável ler que «a vida tem momentos brilhantes que compensam a dor de viver», em que se faz registo do «cheiro a terra molhada» em que se escreve que, no mapa, «a Itália, como uma bota de coral», aplica «um pontapé na Sicília». Alice Vieira, diz desse livro, no jornal «Público» de 14 de Agosto (pg 55) que lhe «ensinou que não é preciso uma grande história para se escrever um grande livro.» E se ela o diz…
Reli palavras muito em uso na aldeia da minha infância, no interior da Beira Baixa, e que desapareceram do léxico, como: «espichar», «estabanado», «estralar», «cisco», «encrencado», «gandaia» «desinquietos» e outras do vocabulário do Brasil, que então não conhecia.
Foi uma das obras que li para a disciplina de Português, no liceu (em Castelo Branco). E ficou-me na lembrança.
Hoje, não conheço escritores que escrevam assim. Alguns há que parece tudo fazerem para não serem entendidos. E eu faço-me o favor de não os ler.
José Batista d’Ascenção
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