domingo, 5 de setembro de 2021

«Quem disse à estrela o caminho que ela há-de seguir no céu?»

Pertencemos à Natureza, que só muito parcialmente compreendemos. Somos feitos dos mesmos átomos de todas as coisas, que, ao longo do tempo, por evolução, se organizaram até às estruturas (cérebros) que sentem e pensam e sonham e decidem e resolvem (ou complicam…), mas não sabemos a razão última porque é assim nem para que é assim.

Somos da Natureza, mas não dominamos a Natureza. Emergimos nela/dela, alteramo-la, contudo, e podemos modificá-la (como estamos a fazer) até ao extermínio da nossa e de muitas outras espécies tão complexas como nós, os humanos.

Consideramos na Natureza, como em nós, o bem, o bom e o belo, o mal e o horrível. E o belo pode ser horrível, como o horrível é tantas vezes belo, se visto pelos que o não sofrem, ao tempo que acontece e em tempos posteriores.

Poalha das estrelas, nada do que somos escapa ao “débito” da mãe Natureza. E a Natureza cobra-o em algum momento, aos viventes ou aos vindouros.

O caótico das nossas acções soma-se até às consequentes resultantes que ocorrerão em tempos e lugares que, na maior parte dos casos, não sabemos prever.

Somos interrogações que nem sabemos formular. E a invocação de Deus(es), só no íntimo de alguns alcança respostas ou a convicção delas.

Sobra o mistério. Não obstante, os caminhos que caminhamos carecem de sentido, de que somos capazes ou não.

Por isso, não podemos dispensar-nos da busca. E de caminhar.

Valha-nos a ciência. E a poesia. Para além do mais.

Donde, a Escola ser fundamental.

José Batista d’Ascenção


PS: o título deste texto são dois versos impropriamente roubados a Almeida Garrett.

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