A luta pela vida é uma constante na Natureza. Luta sem tréguas. Implacável. Permanente. O que não impede manifestações assombrosas e comoventes de graça, de ternura e de beleza. Finitas e mutáveis, sempre. Frequentemente cíclicas, como o surgimento da Primavera após cada Inverno.
Nas sociedades humanas, as coisas são ainda mais complexas. O bicho humano, filho da Natureza, subverte-a, como se fosse possível escapar-lhe. E subjuga-se à vontade (própria e alheia) de domínio sobre os semelhantes. Religiões, filosofias, sistemas políticos e económicos e organizações bélicas definem princípios - os seus - e criam mecanismos de poder. Necessariamente, surgiram espíritos que iluminaram o conhecimento e muitos contribuíram lúcida e generosamente para melhorar a condição humana. Parte deles foram ouvidos e seguidos. E muitas sociedades progrediram. Mas sempre em benefício de alguns, relativamente minoritários, reconheça-se. O lastro biológico não permite a bondade universal nos grupos humanos. Nunca se sabe quando os demónios se soltam, em cada indivíduo e, pior ainda, nas multidões. Como a História documenta, recorrentemente.
A mesquinhez intrínseca da vidinha, rude ou ladina, tem uma força incomensurável e, por isso, a deriva da evolução psicossocial dos humanos é cheia de regressos e desilusões, que os “salvadores” de todos os tempos e lugares espreitam. E aproveitam.
Para além da sorte e do acaso, que também contam, salva-se quem pode e é capaz, independentemente dos métodos.
Ainda que ilusoriamente.
José Batista d’Ascenção
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