Desde menino trago na mente e no peito uma quantidade de pessoas, parte das quais não vejo, nem com elas falo, desde há décadas. Isto é assim e pesa-me. Tanto mais que toda essa gente é muito importante para mim, o que aumenta o meu sentimento de culpa.
São os que sempre estimei e admirei, por terem as qualidades e as capacidades que gostava de ter e não tenho. Os que procediam e procedem rectamente, em obediência a princípios que partilho. Os que são de uma bondade e generosidade como eu gostava de ser e que naturalmente persistem na prática da compaixão e do bem comum.
Estas características só dispersamente as encontrei em familiares consanguíneos, com excepção do meu avô materno, que guardo como figura inspiradora. Os meus filhos são outra conversa, mas aí devo ser muito parcial, pelo que não me pronuncio.
Penso, aliás, que as famílias são como as pessoas: têm do bom e do menos bom, pelo que tomo cada indivíduo pelo balanço do que é e do que faz. Não endeuso ninguém, nem tenho ídolos, mas há aqueles que admiro e estimo profundamente, sendo que alguns deles nem sequer o sabem.
Este grupo engloba os que me dirigem mensagens de carinho, de conforto e de esperança, sem que algumas dessas pessoas me conheçam pessoalmente, nem eu a elas.
Esta bondade das pessoas boas é o bálsamo que encontro para as minhas decepções com o mundo, em que fracamente confio.
A elas estou grato, porque nelas e no seu exemplo, por vezes muito discreto, reside a minha esperança.
A elas envolvo num abraço amigo, solitariamente vivido.
José Batista d’Ascenção
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