A Primavera não demora e, antes de chegar, dias bonitos, luminosos e tépidos a farão desejar ainda mais. O calendário está (a ficar) do nosso lado, como acontece ciclicamente. A disposição de espírito, dependendo de muitos factores, particularmente do estado de saúde, não é alheia à luz e à paisagem, como se sabe.
Do modo como sinto, não tenho lugar para as saudades de primaveras passadas (cronológicas ou outras) e esforço-me por atenuar as lembranças dos invernos da vida pretéritos, dos mais recentes aos mais antigos.
O que (me/nos) aconteceu de bom já foi, mas, recordá-lo, reconforta e fortalece a convicção de que mais – e melhor, quem sabe? – pode acontecer, particularmente no que depende de nós. Suponho que um motivo fundamental da “sorte” reside aí. E é preciso construir a “sorte”, o que dá muito trabalho, e pode não ser suficiente. Por falar em trabalho, é uma sorte tê-lo (outra vez a sorte) e poder realizá-lo com gosto. Claro que há sempre as condicionantes da vida pessoal, desde as qualidades e defeitos, nossas e dos outros, à cidadania, à política e ao governo do país. E tudo isso exige esforços hoje e amanhã, sem endeusamento (e correlativa adulteração) das imagens de tempos idos, pela memória do que desejamos que tivessem sido.
De resto, o país é melhor, muito melhor, do que há cinquenta anos. Que nos sintamos mais ou menos felizes do que supomos que aconteceria então, isso depende da psicologia de cada um.
A educação em casa, primeiro, e na escola, depois, devia ser eficaz nesta matéria.
José Batista d’Ascenção
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