quarta-feira, 9 de julho de 2025

A Natureza e a Vida não cabem em manuais

Boramez: espécie suposta que quebrava
a fronteira entre o mundo animal e o
mundo vegetal

Observação, reflexão, análise e estudo, sempre. Não podemos abdicar da pesquisa, em doses crescentes, profundas e colaborativas. O contrário seria anular a condição humana. Adiante.

O início da leitura do livro «A Invenção da Biologia», de Jason Roberts, centrado nas figuras de Lineu e Buffon, dois vultos do estudo da Biologia, nascidos no mesmo ano (de 1707), desencadeou no meu espírito a necessidade de expor algo que sempre me acompanhou desde os tempos de juventude, às voltas com as Ciências da Natureza e, em particular, com a sistemática dos seres vivos. Subjugado pelo meu pouco conhecimento, foi (quase) calado, perante professores e colegas, que convivi com severas dúvidas perante os esforços de classificação de todos os seres vivos (todos!) e também dos minerais, na perspectiva de atingir sistematizações completas, definitivas e até algo estanques, assim uma espécie de conhecimento de tudo em todos os graus que, mais tarde ou mais cedo, se havia de alcançar.

Ora, na humildade das minhas possibilidades e capacidades, eu via contínuos e ausência de fronteiras, e até impossibilidade delas, onde a sapiência de canhenhos e cérebros doutos (me) parecia admitir o conhecimento pleno, a que múltiplas investigações nos conduziriam num tempo mais ou menos próximo/distante. Ou seja: via o saber como um abrir de portas face a cada dúvida, portas que, uma vez franqueadas, conduziam a novas questões e assim sucessivamente. De alguma forma, no meu espírito, o saber é qualquer coisa como a consciência clara de domínios envolventes de ignorância, tanto maiores e mais apelativos quanto mais se sabe (que se ignora).

Lineu procurava o «plano director para a organização de toda a vida», já Buffon acreditava que «a única forma de estudar a Natureza era num estado de incerteza permanente». Ambos foram trabalhadores incansáveis. E dessa forma deram um exemplo que não podemos deixar de seguir.

Só esse (caminho) pode ser o nosso sucesso.  

José Batista d’Ascenção

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