É um bolor limoso, comum em troncos apodrecidos de florestas europeias e norte-americanas.
Desafia as bases do pensamento lineano. Não é um fungo nem um animal nem uma planta.
Tem um sistema imunitário que funciona no meio externo em vez de internamente. Segrega uma substância antiviral muito potente, capaz de eliminar a 100% o vírus do mosaico do tabaco, que afecta a planta do tabaco, o tomate, o pimento e o pepino. Consegue hibernar durante anos a fio. É, de algum modo, um organismo unicelular, mas não é um micróbio - o Guiness Book of World Records regista-o como a maior célula do planeta. Se for dividido, os segmentos podem funcionar perfeitamente de forma independente. Podem também fundir-se homogeneamente em diferentes espécimes, colhidos em locais diferentes. Pode deslocar-se à velocidade de 4 cm por hora. Oculta uma vida sexual extraordinariamente complexa. Em vez de dois géneros, macho e fêmea, o Physarum polycephalum tem 720 formas distintas de pares reprodutores – uma profusão de variações em matéria de sexualidade.
O Physarum polycephalum é capaz de aprender: para encontrar fontes de alimento dissemina-se segundo um padrão simultaneamente crescente e autocorrector, ocupando a quantidade máxima de território com um mínimo de recursos. Por isso, consegue encontrar o caminho mais rápido para fora de um labirinto ou os trajectos mais curtos entre locais diferentes.
Sem sistema nervoso central é capaz de recordar. De algum modo consegue reter o que aprendeu. Se for colocado no mesmo labirinto com um intervalo de tempo de semanas, reconhece o labirinto e recria o anterior itinerário de fuga. Se for um pedacinho do organismo fará o mesmo.
Classificado e identificado em 1822, foi ignorado até 1970. Não compreendemos a sua inteligência, mas tentamos colaborar com ele. Recentemente, começou a ser usado para explorar o cosmos…
in: «A Invenção da Biologia». Jason Roberts. Ed. Temas e Debates. 1ª edição. Lisboa. 2025. 410-411 p.
José Batista d’Ascenção
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