Supostamente, os nossos dias são de comunicação intensa e permanente. Mas o conhecimento é, genericamente, superficial e enclausurado em “bolhas” onde as afinidades ou os algoritmos submergem cada alma.
É assim nas redes sociais, onde o íntimo violento e as pulsões malsãs se espraiam sem freio.
Os programas televisivos ditos de entretenimento alimentam-se do espalhafato e do grotesco em que até os mais sensatos e ponderados (entre os profissionais e o público) embarcam com facilidade.
No que deviam ser telejornais campeiam “especialistas” de toda a ordem, inferiorizando o (nobre) papel e a função dos jornalistas, mesmo de bons profissionais que a tal se prestam ou a que os obrigam. Os sabichões não acrescentam nada, na maioria dos casos, e pagam-lhes para que debitem as suas sabedorias, que poucos ouvem e em que quase ninguém crê. Parece ilógico, o procedimento, mas ele multiplica-se, pelo que deve ter algum propósito.
No desporto, sobretudo nas “análises” do futebol, os comentaristas inflamam-se, berram, esbugalham-se, “explicam-se” e insultam-se, como se o mundo (mesmo o deles…) dependesse das suas “verdades”. O fenómeno expande-se porque são muitos, e com o mesmo lastro instintivo e cultural, os que vêem tais programas.
Já os protagonistas da política, os próprios e os comentadores arregimentados, prestam-se a idênticos papéis, saltando de programa em programa e de canal em canal, de quantos lhes abrem as portas. Restam alguns com idoneidade e preparação, nas organizações e no meio jornalístico, mas tendem a perder-se na marabunta.
Há ainda os canais que se alimentam de sangue, violência, sexo. Que seria deles se a boa formação morigerasse a apetência dos humanos por impulsos primários?
Aumenta a necessidade de moderação, de esclarecimento, de atenção e de clima propício para dar exemplo e ensinar as crianças.
José Batista d’Ascenção

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