sexta-feira, 3 de outubro de 2025

A qualidade do pão que comemos

Compro pão diariamente numa grande superfície perto de casa.

Um tal «pão da padeira», que nem sempre foi mau, é agora um pão branquelas, que fatia mal no próprio dia e pior ainda no dia seguinte, com uma textura e sabor que não entusiasmam…

Um outro, “pão de Rio Maior”, é massudo, no dia não se come mal, mas torna-se mais denso depois disso, desconsola e nem a cortar se presta.

A variedade “pão alentejano”, de pão alentejano tradicional da região, que eu ainda saboreei, só tem o nome.

Faz tempo comecei a levar “pão de Mafra”, que um inspirado qualquer desenhou em formato fálico. No dia come-se benzinho e fatia bem, mas, preferia eu que, em vez de investirem no rigor da forma, os executores da receita se aplicassem na qualidade do produto, em que há margem de progressão.

De outro supermercado, paredes meias, levo um pão escurinho, a modos que rústico. Vesiculoso e macio, sabe bem no mesmo dia, mas tem vezes que se enrola ao partir, à frente do gume da faca, ainda que ela corte bem. No dia seguinte já se debulha em migalhos secos e duros, como se fora partido a martelo. Males destes e piores não devem ser só portugueses, porquanto familiar próximo, que vive em Amsterdão, aprecia esta última variedade de pão, por comparação implícita.

Deixo de lado vários tipos de broa do (super)mercado, para não me exceder em negativismo.

Mas não me conformo, reconhecendo embora a justeza daquele ditado antigo, com aplicação atual em demasiados sítios: “pão e fome que bem se come”. Quando há fartura, tornamo-nos mais esquisitos.

José Batista d’Ascenção

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