A epigrafe parece absurda, mas não o é para mim. Newton, que não tinha feitio fácil, soube ser humilde (que sábio era-o de sobra) quando afirmou que se viu mais longe foi por estar aos ombros de gigantes.
Desportista ou operário, artista ou investigador, digam-me o nome de alguém que possa ter a certeza de que não há (mais) ninguém que tenha, pelo menos, capacidades iguais às suas. Se, por acaso ou não, alguém encetou a mesma actividade, ou se teve a sorte de encontrar as condições mais favoráveis - aí é que bate o ponto. Como posso ter a certeza de que, nos séculos XVIII-XIX não nasceu em Portugal alguma pessoa com as mesmas potencialidades de Beethoven para a música? Dir-me-ão que não é provável. E eu pergunto: sobre cada um de nós que existe, antes de nascer, qual era a probabilidade matemática de (vir a) ser como é? Qual é o valor desse número?
Os tempos de hoje não são favoráveis à humildade, à serenidade e à moderação. Aos políticos que praticam e fazem a apologia do crime, aos poderosos da finança que esbulham os desprotegidos, aos bélicos que destroem furiosamente corpos e bens, ou aos desportistas que alardeiam a sua superioridade (sempre fugaz), vejo-os como homens ou mulheres algo incompletos, falhos das qualidades mais nobres e desejáveis da condição humana.
E vivo discretamente, intimamente exaltado com as muitas e constantes lições de beleza, harmonia e bondade da Natureza e da Vida.
Por estes dias, li uma entrevista da pianista Maria João Pires e associei-a as estas (minhas) ideias.
José Batista d’Ascenção

Gosto muito da tua narrativa, sempre clara, mas sobretudo fos teus pensamentos e ideias.
ResponderEliminarObrigada pela tua amizade .
O meu abraço!
Júlia Almeida
Eu é que agradeço o privilégio da nossa amizade, Júlia. Da amizade e da generosidade, tão genuína. Beijinho.
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