sábado, 1 de novembro de 2025

Dia dos mortos

Não gosto deste dia. Os meus mortos recordo-os um por um, em certos momentos de solidão, em dias anódinos, de forma aleatória. Não vou em romarias aos cemitérios – tenho os meus que partiram espalhados por vários sítios, três pelo menos, e distantes uns dos outros, e por lá passo algumas vezes, em cada ano. Prefiro assim.

Quando eu morrer quero que cada um dos átomos do meu corpo seja devolvido à Natureza – como inevitavelmente será – de forma que ninguém saiba o destino de cada um deles. Não (n)um túmulo, nem com peregrinações pessoais junto dele.

E os que me recordarem que o façam com a memória que de mim lhes ficou no peito.

Para que eu repouse em paz e não desassossegue ninguém.

Por alma de quem já não tenho, por mim e por todos os que estremecidamente aprecio.

José Batista d’Ascenção

Sem comentários :

Enviar um comentário