A ciência salvará o mundo?
O progresso da ciência e da técnica, sobretudo nos últimos três séculos, operou modificações sociais e ambientais a um ritmo extraordinário. A superfície do planeta, os rios, as montanhas, os desertos, as extensões geladas, as florestas, as populações animais, a atmosfera, os oceanos e as suas formas vivas têm sido alvo directo e indirecto da acção humana, abarrotando de resíduos materiais e químicos perniciosos que se dispersam no ar, nos solos e nas águas.
Apesar disso, uma fracção da humanidade, ainda que minoritária, nunca viveu tão bem como nos anos mais recentes.
Se formos optimistas, podemos pensar que as perturbações que a humanidade desencadeia sobre o ambiente são possíveis de resolver, com recurso à reflexão, às necessárias mudanças de comportamento e agindo, naturalmente, por meio da ciência. Talvez.
Ou o mau uso da ciência destruirá o mundo?
O tamanho da população humana, o paradigma do consumismo, as produções industriais e os tóxicos que alastram por todos os locais põem em causa a biosfera e as possibilidades de sobrevivência das espécies biológicas mais complexas ou mais sensíveis e, por essas razões, de mais difícil adaptação à variação radical dos habitats e das suas condições.
Por outro lado, a sede de poder, o egoísmo e o materialismo, tão característico do ser humano, individualmente ou em sociedade, tendem a conduzi-lo para lutas constantes, no espaço e ao longo das gerações, transformando as guerras e os dispositivos bélicos em factores que, hoje, são capazes de, rapidamente, eliminar comunidades inteiras de imensas regiões ou mesmo de toda a Terra.
Um equilíbrio de terror pode evitar que aconteça, mas não é seguro nem agradável que seja assim.
Sendo certo que a evolução da humanidade, ou o seu fim, como o de tantas espécies biológicas, pode também ser determinado por outros elementos não dependentes da atividade científica do Homo sapiens. Foi o que aconteceu há certa de 65 milhões de anos, uma extinção em massa que dizimou grande parte da vida na Terra.
José Batista d’Ascenção