sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Natal de plástico

Que chegue o Natal. Reconforta a ideia de estar próximo dos familiares e amigos, de trocar abraços, do sentimento de pertença a uma rede de amizade envolvente e forte. Mas podem ser incomodativos os dias que o antecedem, tanta é a correria à procura de prendas, a publicidade que apela às compras, muitas compras, e a saturação de luzinhas e estrelinhas e bolinhas e fitinhas e lacinhos. E doces, muitos doces. Falo das casas e das mesas fartas, algumas excessivamente fartas. Mas, incómoda, incómoda, é a falta de abrigo e de pão e de trabalho e de saúde e de segurança de tantos e tantos que, à margem da sociedade, sentem mais forte a solidão nestes dias. E a situação daqueles que, de mãos vazias, fogem da guerra e da devastação e se lançam, por mar ou por terra, em busca desesperada da paz que lhes roubaram, tantas vezes deixando para trás os familiares mortos. Sendo que muitos dos que morreram e dos que fogem são crianças…
É a marcha da humanidade, tão característica. E esta fase, mundialmente inspirada pelo nascimento despojado de um Menino, com que o papa Francisco tenta acalentar sobretudo os pobres e humildes, vem, passa, torna a vir e torna a passar, em renovos de esperança que não encontram terreno fértil no coração de todos…
Não temos feito bem a sementeira.

José Batista d’Ascenção

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