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O que se sabe e o que se supõe que se sabe, como as explicações que se adiantam para o que, afinal, não se sabe, em cada tempo histórico, apresentam muita variabilidade e discrepância, afectando provavelmente todos os espíritos, mesmo os mais dotados.
Vem isto a propósito de matéria curiosa e divertida que li no livro «História do Riso e do Escárnio, de George Minois (editora Teorema, 2007), em que se lê (na página 432) «uma descrição fisiológica do fenómeno» do riso, da autoria de Descartes, no tratado «Les Passions de l´âme» de 1649, que G. Minois apresenta assim: “o riso era provocado por um jacto de ar expelido dos pulmões por um brusco afluxo de sangue, e este sangue vinha, por sua vez, do baço – que, como todos sabiam, se dilatava sob o efeito de uma agradável surpresa relacionada com a admiração ou com o ódio”. E Minois continua, citando Descartes: «Aqueles cujo baço não está completamente sadio estão sujeitos a ser não somente mais tristes como também mais alegres a espaços, e mais dispostos a rir que os outros, visto que o baço envia para o coração duas espécies de sangue: um, muito espesso e grosseiro, que causa tristeza, e outro, muito fluido e subtil, que causa a alegria. E, depois de ter rido muito, sentimo-nos muitas vezes naturalmente inclinados à tristeza porque, tendo-se esgotado a parte mais fluida do sangue do baço, se lhe segue até ao coração a outra, mais grosseira.» Acrescenta, Minois: “Exteriormente, esse jacto de ar exercia pressão nos músculos da garganta, do diafragma e do peito, que por sua vez (e volta a citar) «fazem mover-se os do rosto que com eles têm alguma conexão; e é a essa acção do rosto, com essa voz inarticulada e explosiva que chamamos riso.»
Era “tudo quanto à mecânica do riso”.
No mínimo, faz sorrir.
José Batista d’Ascenção
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