Tulipeiro do jardim dos Biscaínhos (Braga). Com mais de 250 anos e 27 m é o maior de Portugal. Imagem e informação obtidas aqui. |
Depois da canícula e da acção devastadora dos fogos, os ventos e a chuva fortes podem ser mais nefastos ainda, seja pela erosão agressiva das terras nuas de vegetação e de manta-morta, que retinham a água e retardavam (muito) a escorrência, impedindo o arrastamento dos solos, seja porque os ventos desabridos, dando em árvores repletas de folhagem de arruamentos e jardins, tornam mais provável a sua queda ou a quebra dos ramos envelhecidos ou podres, que não resistam à intensidade do fluxo eólico.
No que são ou foram as nossas florestas deixámos há décadas de fazer prevenção eficaz dos incêndios. Também não temos sido capazes de (re)florestar adequadamente. E bem caro o temos pago, e continuaremos a pagar - nós e os nossos descendentes, não se sabe por quantas gerações.
Em oposição, nos espaços urbanos, derrotamos as árvores com podas inqualificáveis, muitas vezes porque os próprios cidadãos exigem que assim seja. Não se afligem com as ruas atravancadas de carros e o ar saturado de fumo dos escapes, mas queixam-se de ramarias próximo das janelas e da queda de folhas, de pólens (alguns dos quais provocam alergias, tenho disso experiência própria) e até da passarada que se acolhe nas árvores.
Mas as plantas são fundamentais. Não podemos passar sem elas. E se, como em Braga, em 2015, uma árvore caiu durante uma intempérie e matou um transeunte, no coração desta cidade, nas zonas em que o chão dos passeios foi pavimentado com grandes pedras de granito, nos meses quentes, a pedra exposta ao sol aquece de tal modo que, mesmo à noite, três ou quatro horas após o ocaso, ainda as pessoas sentem enorme desconforto devido à constância de elevadas temperaturas, no interior das casas como nas ruas, como revelam alguns moradores.
Portanto, árvores sim. Mas bem escolhidas, bem plantadas e bem cuidadas. Nesta altura, justifica-se que se faça vigilância adequada sobre aquelas que podem justificar o corte de ramos ou pernadas que ponham em risco pessoas ou bens, com a entrada do Outono.
Sem nunca esquecer que as árvores são nossas amigas e que o inverso também devia ser verdadeiro.
José Batista d’Ascenção
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