sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Pequeninas coisas do que fui sendo e sou

Por estes dias rumei ao sótão da casa da minha mãe, na aldeia, e decidi-me a abrir o “sarcófago” onde, há dezenas de anos, jaziam elementos escritos importantes na minha aprendizagem e na minha formação. Lá estavam “preciosidades” como as provas de treino e de avaliação da escola primária, algumas atacadas pelas traças, os cadernos diários das diferentes disciplinas dos tempos do liceu – o Liceu Nacional de Castelo Branco -, os “Cadernos de Educação Popular” e outros fascículos, revistas e livros com pendor político, que “estudei” avidamente na adolescência, na sequência da inebriante festa da liberdade, que foi o 25 de Abril de 1974.

Sempre tive uma grande atracção pelos ideais políticos e pela «coisa pública», diametralmente oposta à opinião repulsiva que ia formando sobre a acção de grande parte dos líderes e protagonistas, desde então até hoje. Por um lado a esperança funda num caminho de progresso da humanidade e, em particular, da sociedade portuguesa. Por outro, a realidade, no modo como em cada tempo a fui (vi)vendo, sempre a frustrar-me as expectativas.

Mas os tempos de hoje em Portugal são melhores, incomparavelmente melhores, do que a vida miserável do país, naquela altura e antes disso. Em termos gerais, naturalmente.

Acalentei o sonho de que a Escola havia de resgatar o povo português, na sua preparação e mentalidade - um atrevimento e uma ilusão.

José Batista d’Ascenção

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