O Menino Jesus tem uma simbologia profunda e bela (de que arredo a figura do pai-natal, por antipatia). A sua mensagem não é genericamente concretizável, como a realidade histórica (e a natureza das pessoas que intrinsecamente somos) demonstra, mas é um ideal poderoso e nobre, que os humanos de todos os tempos e lugares contrariam ou incumprem vezes sem conta, o que não o desvaloriza, antes o eleva, como meta e desafio.
Rememoro a minha infância na casa pobre dos meus pais, a hipotética prenda no sapato, o apelo à prática do bem e o sentimento de apaziguamento reconfortante da época natalícia que então vivia. A vida repetiu os Natais, acentuando o “psicadelismo” em cada ano e a tendência crescente para o vazio obscenamente consumista da quadra. Mas não destruiu a ideia e a necessidade do Natal no fundo da minha alma céptica e distante.
Agora vêm aí os meus netos e dou por mim a esperar que cheguem. A contar os dias que faltam. Com uma vontade enorme de os abraçar e de os aconchegar no peito e no colo. De os cobrir de beijos. E de derramar sobre eles algo do Natal que sempre permaneceu em mim.
Por estes dias, enquanto aguardo, não caibo na expectativa. Falta pouco. Moderarei a exaltação, na medida do possível, mas não ocultarei o contentamento. Com a necessária sensibilidade, no momento da chegada e depois, não vão os meus netos fartar-se do avô.
Estou de braços abertos, faz muito tempo.
São os Meninos Jesus, por quem espero. Por eles e, claro, pelos meus filhos e pelas mulheres deles.
Eis as minhas prendas.
José Batista d’Ascenção
Que beleza de texto. Que pena não o publicar num jornal. Sintonizo consigo meu amigo e colega. Um santo natal.... Com os netos!
ResponderEliminarQuerida(o) amiga(o) e colega: fico-lhe grato. Os meus apontamentos praticamente não têm - nem chamam - leitores. Um Natal feliz. E um abraço sentido.
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