Mea culpa. Vou procrastinando. Os motivos são a aversão (que sinto) pela generalidade dos políticos que temos. Obviamente, não posso colocar-me nalgum nível de «assepsia» donde me pronuncie sobre os agentes «feios, sujos e maus» que só procuram o poder e a fama. O defeito também tem que ser meu. Assumo-o. Portanto, preciso (forçar-me a) dedicar-lhes (mais) atenção. E até nem será difícil, porque os tempos de debate nas televisões são curtos. Curtos e pobres (pelos excertos que vi de alguns…), não só por culpa dos políticos, que as perguntas fazem-nas os moderadores, jornalistas que se querem bem preparados e incisivos, como, de modo geral, são, mas é preciso tempo para que se façam todas as questões pertinentes e se exija as devidas respostas.
O que é menos suportável (e, para mim, algo escandaloso) é o muito tempo que se dá, depois dos debates, a supostos especialistas da análise política. Como se eles tivessem alguma capacidade especial e nós, o público, fôssemos lerdos. O tempo, a desnecessidade, a subjectividade e a ideologia destes comentaristas afastam-me das suas ladainhas que, às vezes, tendem para uma espécie de «luta de galos». Preferia-os em versão escrita, seguramente mais ponderada. Em qualquer caso, pouco lhes ligo.
Ainda menos agradável é ter políticos profissionais com interesse manifesto nos mais altos cargos de poder (Marques Mendes, Paulo Portas, à cabeça) a fazer prédicas semanais nos canais de televisão. Fazem a sua propaganda mais ou menos disfarçadamente, ao mesmo tempo que menorizam os jornalistas que lhes servem de «ajudantes de palco». Pensarão, aqueles dois, que conseguem imitar o comentarista (intriguista-mor, que em tempos foi) Marcelo Rebelo de Sousa? Por mim, não creio.
Ou seja: pairando sobre a qualidade sofrível dos políticos comuns, que nos saem em sorte, temos outros uns furos acima, a disfarçarem-se de analistas isentos e desinteressados.
Mas não são imparciais, nem eles nem as televisões que os promovem.
José Batista d’Ascenção
Sem comentários :
Enviar um comentário