Entre nós, teorias, normativos, burocracia, práticas e comportamentos emaranham-se sob um verniz de boas intenções aparentes, que tornam a vida das pessoas um inferno e desencadeiam turbilhões de novas situações irresolúveis ou quase. Neste fadário, uns poucos tiram proveito e proventos e a maioria não sai da cepa torta - aquele marasmo típico e desanimador.
É assim, da habitação aos bens públicos, da justiça à saúde, da produtividade aos vencimentos, da organização económica e social à acção política e da educação ao civismo.
Que utilidade teve o programa de apoio à habitação do anterior governo? Quantos portugueses serviu e quantos iludiu ou decepcionou? E agora, o que vamos ter?
Quando é que a justiça termina os processos dos poderosos e quando é que o ministério público pondera a espectacularidade televisiva das suas acções? Que descrédito resultou para uma e para o outro? E que prejuízo para os cidadãos e para a cidadania? E daqui para a frente?
A política de fecho de maternidades que benefícios trouxe e a quem e quantas grávidas (e suas famílias) prejudicou? E a confusão das urgências? Como vai ser, doravante?
A predação da banca e os enormes lucros que proporcionou em quanto extorquiu os cidadãos, particularmente os de menos rendimentos? Temos escapatória?
Que normas simples e claras para a escola lidar com a indisciplina e a violência crescentes? Quantos professores, alunos e funcionários s(er)ão vítimas? E que prejuízo para os cidadãos e a cidadania? Finalmente, alguém dará um pontapé em aberrações como o projecto Maia?
Que benefícios resultaram da imposição de um (des)acordo ortográfico que vários países (de língua portuguesa) rejeitaram? Que dificuldades origina? Ninguém mexe naquilo?
Etc.
Por tudo isto e muito mais, Portugal é capaz de continuar a ser um país bom para emigrar. Velhos e novos que o digam.
Estamos condenados?
José Batista d’Ascenção