Cruéis e temíveis, os líderes dos EUA e da Rússia empurram o mundo em direcção preocupante.
Trump e a sua equipa são capazes de tudo, nenhum escrúpulo ou dignidade parece fazerem parte do espírito com que cortam e costuram os seus negócios.
Putin tanto faz cair aviões com alguém que lhe seja indesejável (caso de Prigozhin), como envenena e tortura adversários que não tolera (como aconteceu com Navalny), como empurra de varandas meros intelectuais ou artistas que, em algum momento, expressem discordância das suas ideias e, principalmente, da sua prática política (como se verificou com o dançarino Vladimir Shklyarov).
A Ucrânia tem um duplo azar: situa-se na esfera de influência da Rússia e possui abundantes riquezas, muito cobiçadas. Enquanto povo, quis a independência, tem um líder muito corajoso, mas as condições sócio-políticas são-lhe extraordinariamente adversas. De um lado, Putin, para levar o que pode, e pode muito, pela ocupação de grande parte do território e pelo poderio das armas. Do outro o seu amigo Trump, para obrigar os ucranianos à rendição e empolgar os seus recursos.
A humilhação de Zelensky é apenas uma forma de remover um obstáculo.
Temo que consigam, usando os meios que forem necessários.
O (resto do) mundo assiste, impotente ou alheio.
As consequências podem ser terríveis para todos em todo o lado.
José Batista d’Ascenção