Em “tempos de trump”, em que os poderosos do mundo são indivíduos nada recomendáveis e muito perigosos, e em que o governo do país se degrada em irresponsabilidade impensável, a mesquinhez sócio-política faz a alguns de nós ter vontade de fugir do mundo comunicacional. O que não podemos. Mas, havendo outros motivos igualmente importantes, que exigem o nosso sentido de justiça e mínimos de lucidez, de solidariedade e de coragem, refiro alguns aspectos procedimentais e ambientais que retirei da obra intitulada «História para amanhã», de Roman Krznaric, publicada pelas «Edições 70».
«Abandonar o hábito do consumo» é o tema do capítulo 3. Aqui se refere que «a cultura do “desejo ilimitado” surgiu na Europa do século XVIII» (p. 68) e que o «crescimento económico que se enraizou nas sociedades ocidentais no início do séc. XX necessitava de um consumismo insaciável…» (p. 69). Na década de 1920, Eduard Bernay (sobrinho de Sigmund Freud), guru de relações públicas, «convenceu as mulheres a começarem a fumar cigarros, por estes serem “tochas de liberdade” e (…) inventou o bacon com ovos como (…) pequeno-almoço americano, em prol da suinicultura». (…) «Hoje em dia, somos seduzidos pelos algoritmos dos empórios das compras online…»(p. 69). (…) «Compro, logo existo.» (p. 70). Acontece que, «para lá de um certo ponto, mais coisas não nos tornam muito mais felizes» (idem). E o problema maior são os impactos planetários.
Efectivamente, os «compradores abastados do hemisfério norte são a linha da frente de uma espoliação ecológica» (idem) inimaginável nos tempos pré-industriais: «Montanhas de lixo electrónico, iphones descartados e seus metais raros, microplásticos encontrados nos estômagos de golfinhos, de tartarugas e de crianças; químicos tóxicos na água que bebemos e no ar que respiramos; florestas devastadas por ranchos de gado, para pôr carne nos nossos pratos» (…) [significam que] «andamos a gastar anualmente os recursos de dois planetas Terra». (idem).
(Continua)
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