terça-feira, 26 de agosto de 2025

Espaços florestais como eu gostava de ver em Portugal

Predominam os carvalhos. Alguns áceres e outras folhosas. O chão razoavelmente “limpo” de grandes acumulações de matéria orgânica – a folhagem caída é junta em certas zonas e converte-se em húmus. Troncos caídos são dispostos proporcionando habitat para artrópodes diversos e atenuam a erosão nas zonas inclinadas. Algumas manchas de ervas rasteirinhas, que os veados se encarregam de não deixar crescer excessivamente. As fêmeas destes cervídeos mostram-se em pares ou em pequenos grupos de mães e juvenis, que não fogem se nos aproximarmos discretamente até vinte metros. Os machos com envergadura são arredios e pouco avistáveis. Esquilos, muitos. Aves, frequentes, detectadas mais pelo piar e grasnar do que pela facilidade de observação a descoberto. Caso dos corvos. Muito alto, grandes rapinas.

Passámos vários dias em «Poconos», na Pensilvânia, numa casa imersa na floresta, como tantas outras, centenas e centenas num espaço geográfico extenso dividido em lotes, tudo propriedade privada, que alguns proprietários alugam para férias.

Casa "imersa" na floresta. Poconos, Pensilvânia.
Cada um cuida do que é seu e cumpre as regras de um sistema que acaba por lembrar um condomínio fechado. Curiosamente, uma tal organização protege a floresta e o ambiente. Acontece que nos EUA, pelo menos em alguns estados, qualquer cidadão pode saber quanto custou cada propriedade e quanto paga de impostos. A casa em que estivemos foi adquirida em 2021 por 650 000 dólares e paga em imposto anual a quantia de 15.000 dólares.

Instituições estaduais ou municipais asseguram as estradas asfaltadas até cada habitação, as redes de abastecimento de água, de electricidade, de esgotos e o que mais é preciso, como a disposição e frequência de hidrantes.

Espaços comuns de desporto/lazer: campos de futebol (relvado), de voleibol (com areia), de ténis e de basquetebol (em piso cimentado), piscinas, parques infantis, fiquei sem saber quem os gere, mas têm funcionários e vigiantes.

Para isto ser viável é preciso haver pessoas com capacidade económica, mas em espaços como o de Poconos, agradabilíssimo, funciona mesmo e parece que todas as partes ganham.

O risco de incêndio é mínimo. E esta é a parte que mais me interessa. O luxo é (para mim) uma injúria. Basta(-me) o mínimo necessário, a simplicidade, a higiene e a paz, para além do carinho e da amizade dos que prezo.

José Batista d’Ascenção

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