Em tempos de retrocesso civilizacional, em que crescem o medo, o ódio, a intolerância, a xenofobia e o racismo, e lembrando Rómulo de Carvalho/António Gedeão, nos vinte anos da sua morte.
Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
José Batista d'Ascenção
disto e daquilo, como elas são e como eu as vejo.
"O livro há-de ser do que vai escrito nele" (...) "por outra parte não se me dá nada que o não leia ninguém"...
(Bernardim Ribeiro)
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