José Carlos de Vasconcelos (JCV) escreveu no último número da revista «Visão» (pág. 80): As «agências de rating são instrumentos do pior do império financeiro global que se deviam envergonhar de muito que fizeram e de erros (só erros?...) de avaliação escandalosos. Nem por isso perderam poder, o que não constitui menor escândalo.» JVC cita a comissária europeia Viviane Reding que, em tempos, disse que «não é possível que um cartel de três empresas norte-americanas decidam a sorte de Estados e dos seus cidadãos», ao que ele acrescenta que, «no entanto, nada mudou». Da sua análise sobre a colocação de Portugal no “lixo”, de que agora uma das agências de notação nos tirou, e dos prejuízos que isso nos causou, bem como em relação a perspectivas futuras, JCV, extrai «duas conclusões que agora importam:
a) DBRS [agência canadiana, "mais pequena e decerto mais séria ou competente"] foi a única que em relação a Portugal fez uma avaliação e teve uma atitude decentes [tendo "mantido sempre a notação de Portugal no patamar que permitiu continuar as compras de dívida pública pelo Banco Central Europeu"];
b) se não se pode esquecer que a dívida do País continua a ser enorme, por isso mesmo não se pode esquecer também a necessidade de a renegociar (…); mais, é de elementar justiça renegociá-la, pois nada justifica [que] estejamos a pagar juros superiores aos que hoje pagamos nos mercados por empréstimos que nos foram concedidos no âmbito de um pacote de “ajuda” (…) da troika – juros, só os juros, que nos custam mais de sete mil milhões de euros anuais…»
Por sua vez, Vicente Jorge Silva escrevia no jornal «Público» de 17 de Setembro (última página): «As agências de rating fazem parte daquelas coisas detestáveis, não sujeitas a escrutínio e controlo democrático, que acabam por impor os seus critérios a instituições das quais dependem o rumo das economias, dos governos e das vidas das pessoas. E quando o todo-poderoso Banco Central Europeu se submete às notações dessas agências na aplicação das suas políticas, o destino de um país pequeno e vulnerável como Portugal pode ficar suspenso da cotação que lhe é atribuída por uma dessas entidades. Há alguns anos ainda se contestava o poder abusivo, caprichoso e não regulado dos agenciadores privados dos ratings, mas hoje apenas algumas entidades arcaicas do anticapitalismo como o PCP se atrevem a questionar a sua fatalidade.»
Porém, os cidadãos do mundo não podem aceitar eternamente o vampirismo financeiro reinante. Cabe a cada um de nós manter-se minimamente informado, a fim de que, solidaria e firmemente, nos possamos levantar e exigir dignidade e direitos. A começar pela relação com os bancos onde temos contas.
José Batista d’Ascenção
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