Murar: espreitar ratos para os caçar (capacidade/habilidade dos gatos). “Ratos”, neste caso, são os lugares/funções apetecíveis, em que o escrutínio é difícil ou escasso ou muito diferido e os proventos são tão tentadores quanto imerecidos.
Tais capacidades/habilidades e apetência respeitam aos políticos para elas vocacionados e beneficiam familiares seus, certos amigos e colaboradores. Não são poucos os casos em que filhos jovens desses políticos aparecem em cargos/funções que deviam ser de grande exigência de currículo e competência, nada havendo que os recomende para o seu desempenho, até por falta de experiência. Em contraponto, auferem fartos vencimentos, a que acrescem benesses e compensações, só ao alcance de privilegiados, sem justificação aceitável.
Dir-se-á que a expressão de opiniões e registos como este corresponde a má vontade e populismo contra os políticos, de que se querem os melhores, os quais, por isso, é preciso compensar bem.
Tretas. Na governança do (nosso) país os problemas nunca são resolvidos, os pobres mantêm-se em número e não melhoram a sua condição (excepto alguns dos que emigram…), ao passo que a elite injusta e imerecidamente privilegiada sobrevoa garbosamente a indigência de quase todos.
Estes parece-me serem dos maiores crimes com que os sistemas político e de justiça em Portugal se deviam (pre)ocupar. E o governo, que agora também quer dar caça aos criminosos – disse-o o primeiro-ministro um dia destes -, apesar de a função não caber ao executivo, podia e devia dedicar-se às tarefas da sua obrigação. Isso sim, mas tarda.
José Batista d’Ascenção
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