Em Portugal a esperança média de vida é tão longa como nos países com a maior qualidade de vida. Mas há (nisto) uma enorme diferença: enquanto um nórdico vive saudavelmente até poucos meses antes de morrer (em média), um português enfrenta um calvário de dores e desconforto décadas antes de a morte o levar.
Falta-nos qualidade de vida, dependente de variadíssimos factores.
Sobreleva as mazelas que se somam nas terceira e quarta idades, em casos cada vez mais numerosos, a dor da solidão e do desamparo. Muitos idosos vivem sós e contam com… ninguém.
Os lares, os que merecem o nome, quase sempre deixam a desejar. Os que ali entram lúcidos sabem-se na antecâmara física da morte, sentimento reavivado pelos «utentes» que, todas as semanas ou meses, desaparecem do convívio dos residentes.
É a lei da morte, podemos dizer, em condições de suposta inevitabilidade.
As angústias da fase final da vida devem ser insuportáveis para aqueles que, tendo filhos, sentem que lhes pesam, e que os que são carne da sua carne desejam, nem sempre disfarçadamente, alijar esse peso.
As condições da actualidade concorrem para a triste situação dos muitos que atingem a velhice. Entre elas, a educação e o exemplo que (não) estamos a dar às crianças e aos jovens.
O futuro, que é já amanhã, nos trará a conta, que quase todos saldaremos, sem remissão.
José Batista d’Ascenção
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