Há poucas décadas, (supostos) especialistas de educação passaram a insistir na distinção entre indisciplina e violência, em vez de rejeitarem ambas, começando pela primeira como medida preventiva da segunda. Foi assim nas escolas, antes de não poucos professores começarem a ser fisicamente agredidos, dentro e fora das salas de aulas, por alunos e também por encarregados de educação (!), quase sempre com total impunidade.
Radicando aí ou não, os próprios professores (alunos de “ontem”…) passaram a manifestar-se publicamente de forma indisciplinada e inconveniente, o que provocou desconforto em muitas pessoas (e fez com que eu me retirasse antes do fim na última manifestação em que participei). Materialmente houve ganhos. Pedagogicamente acentuou as perdas progressivas no ambiente desejável na instituição escolar, pelo menos da forma como eu o vivo e sinto.
Também as polícias passaram a manifestar-se de forma ruidosa e pouco respeitosa, até da legalidade, como aconteceu na última campanha eleitoral para as legislativas, tendo então, o actual primeiro-ministro, ignorado tibiamente o facto, como não lhe competia, preparando a cama onde veio a deitar-se.
Esta semana foram os bombeiros. Vestidos com a farda e de capacete (equipamento de protecção que todos pagamos), fazendo explodir artefactos pirotécnicos proibidos (como os bandoleiros das claques futebolísticas) e (auto)intitulando-se «heróis do povo», assumiram atitudes de protesto que só podem prejudicar a imagem e os legítimos interesses dos próprios bombeiros.
Comum neste tipo de manifestações é a opção por entoar a letra – bélica e fanfarrona, a meu ver, e por isso escolhida - do hino nacional, grotescamente cantado.
Os direitos das pessoas – de todas as pessoas – são (ou deviam ser) inalienáveis, mas isso não legitima manifestações corporativas intimidatórias em que os extremistas se infiltram e que aproveitam. Eles bem sabem para quê.
José Batista d’Ascenção
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