Gostava de ter escrito isto:
«Da tragédia de Entre-os-Rios à da praia do Meco; da violência escolar generalizada aos incêndios deste ano, creio que o problema central português é um problema de natureza educativa, de (in)consciência histórico-cultural e de cidadania.
«Da tragédia de Entre-os-Rios à da praia do Meco; da violência escolar generalizada aos incêndios deste ano, creio que o problema central português é um problema de natureza educativa, de (in)consciência histórico-cultural e de cidadania.
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Para o país das reformas de miséria, da toxicodependência alarmante em regiões do interior; para o Portugal do abandono escolar indisfarçável, da violência entre adolescentes que não constam do ranking das escolas, pedir a esse Portugal mais do que o que tem dado é não compreender os dramas existenciais com que os portugueses se confrontam. É não saber de que massa os portugueses são feitos.
[...]
Na escola, nas universidades, nos lugares
de onde saem os futuros políticos (as jotas
partidárias por onde se faz o carreirismo
da praxe), que real importância tem
a destruição do Pinhal de Leiria?
[...]
Arderam 506 mil hectares, morreram 106 pessoas, os feridos ascendem a mais de sete dezenas... Conhecer o país real implicaria uma classe política sabedora da História e da literatura, que agiria com bom senso e com responsabilidade, porque se lembraria — assim a escola fosse o lugar das aprendizagens a sério — que D. Dinis não é um nome vão; que ser português é ser-se, quase sempre, da “arraia-miúda” de que nos fala Fernão Lopes. Descaracterizados, americanizados, berlinizados, como poderão algum dia perceber o que aconteceu entre Junho e Outubro de 2017?»
António Carlos Cortez. In: jornal "Público" de 21 de Outubro de 2017, página 60
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