Imagem colhida do portal sapo (www.sapo.pt), hoje |
Não sabemos quantas pessoas estão infectadas. Seguramente, são muit(íssim)as mais do que aquelas de que se suspeita. Algumas das «gripes» não diagnosticadas dos últimos dias ou semanas podem ter tido a mesma origem. Nalguns casos, particularmente em jovens, a infecção provoca sintomas ligeiros ou passa despercebida. Oficialmente, ontem morreu a primeira pessoa em Portugal contaminada com o novo agente viral. No mundo, as mortes contam-se por milhares. São muitas «vitórias» para uma partícula biológica de tão ínfimo tamanho. As perturbações pessoais e sociais são dolorosas. O medo toma-nos de forma insidiosa. As perdas económicas podem ser dramáticas. Como é que os seres humanos, as sociedades e os países, especialmente nos casos de (maior) pobreza se vão erguer, quando a tormenta passar, é um problema para daqui a pouco tempo. Concentremo-nos no essencial em cada momento. Por agora, o que mais importa é conter o aumento exponencial de novas infecções, facilitar o trabalho das equipas de saúde, manter um espírito positivo, estar disponível para ajudar ou socorrer, cuidar dos mais pequeninos e idosos e continuar a acompanhar as crianças e os jovens em idade escolar.
Há aspectos positivos que não são ainda muito visíveis: cada dia que passa haverá mais pessoas com imunidade ao «coronavírus». Muitos doentes recuperam e ficam, também eles, imunizados. Isto não obstante haver mais do que uma variedade do mesmo vírus. Claro que, por agora, não sabemos que pessoas já terão desenvolvido imunidade, o que exige todas as cautelas, mas serão cada vez mais. Se alguém, há muitos dias, teve contactos próximos e repetidos, sem protecção, com alguma pessoa reconhecidamente doente, na fase sintomática, está provavelmente imune (embora nesta fase não se deva arriscar a exposições, para minimizar o enorme perigo de contágio).
A ciência ainda não elucidou a razão da existência de vírus, partículas que não respiram, não crescem, nem emagrecem, e que são montadas peça a peça, dentro das células vivas (que parasitam e destroem), com materiais bioquímicos: basicamente, moléculas genéticas num invólucro de proteínas. O crescimento da humanidade terá sido sempre limitado por infecções víricas e bacterianas (as bactérias são células vivas, também elas atacadas por alguns vírus). A descoberta das vacinas e dos antibióticos tinham-nos habituado à segurança na saúde desde a sua aplicação. Tão ignorantes e avaros se tornaram alguns, no seu conforto, que desataram a atribuir-lhes males improváveis. Prouvera que esta tragédia reduza drasticamente atrevimentos desse tipo. Para o conseguir, não há que descurar o ensino das crianças e dos jovens.
Vais ceifar-nos umas quantas vidas, vírus. Mas não vais roubar-nos o gosto de viver. Nem a coragem de te enfrentar. Não vais.
José Batista d’Ascenção
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