Cada qual julga-se com a importância que a si mesmo atribui. Já aos olhos de terceiros tem a importância que lhe dão. As valorações do próprio comparadas com as dos outros, sobre ele, embora sem escala quantificável, são necessariamente discrepantes.
Há os que se desvalorizam e os que a si próprios se colocam nas alturas.
Há (também) os que, injustamente, tendem a ser desconsiderados e os que, por ignorância ou interessada ou interesseiramente, são elevados pelos demais a pedestais valorativos irreais.
Comummente, os que gozaram em vida de reconhecimento social, vão tendo a sua importância relativizada, e apagam-se com o tempo na memória dos vindouros. Muito poucos «se vão da lei da morte libertando», o que se compreende e aceita e liberta esforço e espaço para armazenamento de dados mais próximos ou prioritários.
Há-os que, por tão visivelmente extraordinários, logo em vida são admirados como tal. Mas houve seres humanos tão discretos que os seus méritos apenas no fim da vida ou depois de morrerem foram reconhecidos. O devir resgatou-os. Aconteceu com pessoas da ciência, das artes, da cultura, do conhecimento... Alguns, embora especiais, terão passado ao lado da possibilidade ou oportunidade de serem reconhecidos, porventura devido à inacessibilidade ou estranheza do seu pensar.
Todos, porém, precisam de se sentir importantes. E são-no, indubitavelmente. Desde logo porque (tirando os gémeos verdadeiros) cada pessoa é um ser único e irrepetível: no tempo em que vive, mas também em todo o tempo passado e futuro da espécie a que pertence (é fácil explicá-lo em termos biológicos). De alguma forma, cada indivíduo é uma “singularidade”. E vale por si, pelo menos enquanto elemento da (bio)diversidade humana.
Difícil é que cada ser humano, sejam quais forem as suas capacidades e qualidades, ocupe na sociedade um lugar em que se sinta realizado, integrado e considerado. Ganharia ele e ganharia a sociedade.
Importante, verdadeiramente importante, é sermos imprescindíveis naquele grupo (sempre) restrito que inclui família, amigos e conhecidos, que nos querem e que nos fazem sentir que precisam de nós como nós precisamos deles. Por afecto, antes de mais.
Isso adquirido, o trabalho e o talento de cada qual mais facilmente o podem colocar no lugar social que merece. Condição conveniente, mas não necessariamente suficiente, diga-se.
José Batista d’Ascenção
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