No espantoso mundo de hoje, a mentira e a verdade são indistintamente usadas no argumentário político e, ultrapassadas quaisquer barreiras éticas e morais, a primeira prevalece sobre a segunda, de modo frontal e chocante para quem não perdeu os vínculos a princípios e à racionalidade.
As democracias e os valores do humanismo perdem terreno e a barbárie progride, na violência económica, que atira para a pobreza camadas populacionais cada vez mais numerosas, no ódio entre ideologias, culturas e religiões e, naturalmente, nas guerras em que desembocam.
Criminosos e assassinos, quando ascendem ao topo do poder político, arvoram-se em senhores da “moralidade” que procuram impor e eliminam por todos os meios os que os enfrentam. A democracia é menorizada, desvalorizada e aniquilada. Vale o autoritarismo, que parece ter muitos apoiantes.
O fracasso da educação, a nível mundial, e a dimensão da ignorância e do ódio disseminados pelas redes sociais, ao serviço dos seus donos, manipulam e condenam hordas de seguidores à escuridão que vai submergindo a humanidade.
Trump parece-me um produto das actuais condições políticas, sociais e culturais. Mente, ofende, não cumpre as leis, não reconhece as vitórias dos adversários, despreza os frágeis (chegou a recomendar a quem tinha «covid» que bebesse lixívia!) e deprecia as mulheres. Mas é muito (cada vez mais?) popular. Os grandes ditadores do mundo, de Xi Jinping a Putin, espreitam, aproveitam e agradecem.
Em que mundo vai viver a geração dos meus netos?
(*) Tranião, o trapaceiro-mor de «A Comédia do Fantasma», de Plauto, ficou impune. Trump vai ser recompensado?
José Batista d’Ascenção
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