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Cães e gatos sem dono vagueiam pelas ruas (de algumas) das nossas cidades. Os recipientes do lixo são muitas vezes os locais em que procuram comida.
Os cães são mais dependentes e, como só podem deslocar-se em chão raso, parecem entristecer em percursos repetidos, traumatizados pelo medo, passando fome ou ingerindo restos degradados, facilmente ficando doentes, escanzelados e cheios de parasitas.
Os gatos, mais esquivos, dotados de grande agilidade e sentido de equilíbrio e capazes de acrobacias impressionantes, se há edifícios mais antigos, de pequena altura e volumetria, e espaços com quintais, ainda que murados, movimentam-se de modo mais independente e podem caçar, contribuindo até para conter a propagação de pragas como as dos ratos.
Porém, as cidades são cada vez mais «florestas» de grandes edifícios, de paredes verticais intransponíveis, chão duro e poucos espaços verdes. Não são, por isso, espaços amigos de cães e de gatos sem donos, que deles cuidem, providenciando alimento, condições de higiene, espaços aceitáveis, e dedicando-lhes o afecto e o tempo que merecem.
Pessoas há que, sensibilizadas para a condição precária dos bichos, e condoídas, e talvez tão solitárias como eles, colocam na rua restos de comida em recipientes improvisados ou no chão, no intuito de lhes valer. Contudo, sendo boa a intenção não o é o resultado: dá mau aspecto, a higiene fica diminuída e podem surgir problemas de saúde. Por outro lado, como a reprodução acontece facilmente, o número de animais desvalidos tende a aumentar, o que agrava a situação.
O melhor remédio é as pessoas perceberem que têm a obrigação, que é ética, antes de ser legal, de tratar dos seus animais e de não os abandonar, sob pena de serem punidas e censuradas por isso. Para os animais abandonados não há procedimento mais adequado do que a sua recolha pelos serviços municipais competentes, a fim de que possam ser adoptados ou esterilizados.
Os animais são nossos amigos. Ganhamos se soubermos ser amigos dos animais.
José Batista d’Ascenção
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