As árvores deviam ser um elemento fundamental dos arruamentos, das avenidas e das praças das cidades. Mas os portugueses, em geral, não gostam de árvores. E os bracarenses também não. Nem vou referir agora o magnífico e centenário pinheiro manso de Guadalupe (em Braga), recentemente abatido, para não avivar mágoas, nem a preocupação que um dia destes senti ao passar frente à «Casa do Passadiço», na mesma cidade, ao ver que podaram alguns dos grossos ramos da maior Ginkgo biloba que conheço na região, que faz dupla com um colossal tulipeiro (Liriodendrum tulipifera), no pátio daquele edifício, árvores estas que deviam ser declaradas monumentos, a fim de que não pudessem ser molestadas sob qualquer pretexto.
As árvores consomem dióxido de carbono (CO2) e produzem oxigénio (O2), tudo no mesmo passo, sempre que têm as suas folhas expostas à luz, no processo já muito estudado da fotossíntese. Os benefícios deste processo são os que imediatamente se percebem e outros tão importantes como esses, como é o caso da produção de matéria orgânica que está na base da alimentação de todos os seres vivos.
Mas as plantas também libertam vapor de água para a atmosfera, no processo chamado de «transpiração», o que faz com que, humedecendo o ar, desempenhem um papel muito importante na amenização das temperaturas nos meses de canícula. É por isso que a sombra sob as árvores é normalmente mais agradável, ainda que não tape o sol completamente, do que a sombra de uma parede, que impede na totalidade a passagem da luz solar.
E depois há a harmonia e embelezamento, que as plantas, em si e com as suas flores, podem conferir aos espaços urbanos.
Não esgotando os «bons serviços» que nos prestam, as árvores podem ainda ter um papel útil em matérias tão inusitadas como seja a disciplina no estacionamento automóvel. Na imagem acima, por debaixo do carro que se vê estacionado sobre o passeio, foi há pouco tempo cortada uma árvore que, após uma poda radical, foi morrendo lentamente (como se referiu aqui). Já morta, ali se ergueu o seu triste cadáver por longos meses (como aqui se deu conta). E agora já não há árvore nem, praticamente, sinais dela. Nem no seu lugar foi plantada outra, como logo devia ter sido. E eu espero que não demore a vir a ser.
Entretanto, os condutores de automóveis aproveitam. Poucos minutos antes daquele veículo, era outro que ocupava o mesmo lugar.
E o espaço público desarborizado de Braga é cada vez mais assolado por um calor insuportável no Verão. Que o diga quem o frequenta, especialmente os que não têm alternativa.
José Batista d’Ascenção
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