quarta-feira, 10 de julho de 2019

Dúvidas (minhas) nos critérios de classificação da prova de exame nacional de biologia e geologia da 1ª fase.

Este texto é uma adenda ao que foi publicado anteriormente

Na pergunta 8 do grupo I (sobre geologia) pede-se para os alunos explicarem a previsão, pelos cientistas, de um sismo de elevada magnitude na ilha La Española (no Mar das Caraíbas), numa zona de choque de placas tectónicas, com várias falhas activas (contexto bem esquematizado em figura ilustrativa), após um intervalo de dois séculos em que apenas se verificaram sismos de «menor magnitude» (como consta em texto introdutório), e tendo em conta «os dados da sismicidade histórica».
Na resposta exigem-se três «elementos»: (A) referir a convergência de placas ou existência de falhas activas na região; (B) mencionar a acumulação de elevadas tensões ou de grandes quantidades de energia na região; e (C) referir que, desde o último sismo violento (data no texto), «não houve libertação de grandes quantidades de energia» ou que «ocorreram apenas sismos de reduzida magnitude»
Quem falhasse um dos tópicos A, B ou C obteria apenas 6 em 10 pontos possíveis.
Ora, a primeira formulação do elemento C parece-me errada, não obstante ser fácil perceber o fundamento (válido) da sua (incorrecta) formulação. Ela estaria certa com uma ligeira modificação, por exemplo, «não houve libertação brusca de grandes quantidades de energia» (razão por que não houve sismos de elevada magnitude), já que, tratando-se de uma zona geologicamente instável, é difícil aceitar que não tenha havido no período em causa, e por junto, dissipação de grandes quantidades de energia. De resto, terá sido essa dissipação de energia, «fraccionada» em vários sismos de fraca magnitude, que terá aliviado as condições que poderiam ter originado um grande sismo. Isto mesmo tentei introduzir na discussão da aplicação dos critérios. Mas não insisti, porque o questionamento dos critérios está vedado aos classificadores.

Já no grupo II, de biologia, a pergunta 7 pressupunha que os alunos escrevessem o nome científico de duas espécies de abelhas, segundo a nomenclatura binominal, em latim, respeitando a convenção que obriga a sublinhar as duas palavras da designação científica, quando manuscritas. Não sublinhando, havia penalização (em 2 pontos).
Ora, muitos alunos esquecem-se da convenção e são penalizados. E muito bem.
Já não (me) parece aceitável que, na resposta à questão seguinte, em que os alunos tinham que explicar dois aspectos da fisiologia da abelha-comum, sem necessidade de referirem a sua designação científica (Apis mellifera), voltassem a ser penalizados pela mesma falha, porquanto a explicação nada tem a ver com nomenclatura. Além disso, em todos os anos anteriores, os erros de nomenclatura científica apenas foram penalizados uma vez em cada prova. Este ano, apesar do alvitre de muitos classificadores, foi diferente.

Só uma ressalva: do que atrás escrevi não se pense que desgostei da prova de exame. Acontece que, além doutros problemas, discordo dos critérios e do modo da sua aplicação em casos como os que referi.
Imagine-se o que senti em anos passados, em que achei as provas mal elaboradas.

José Batista d’Ascenção

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