terça-feira, 29 de junho de 2021

Entrega de correspondência – um mau serviço dos CTT

Há poucas semanas, um livro que me remeteram de Lisboa foi deixado numa habitação de uma rua paralela à minha. Por sorte, o morador, que eu não conhecia, teve a amabilidade de vir à minha porta, no dia seguinte, à tardinha, a fim de me entregar o volume por que eu esperava.

Ontem foi uma carta para um dos meus filhos que foi colocada na caixa do correio da casa de um vizinho ao lado.

Em ambos os casos o endereço (que é o mesmo há bastantes anos) estava escrito de modo completo e correcto, em letra de tamanho grande, bem legível. Já de outras vezes (me) aconteceu.

Também eu, cumprindo papel semelhante ao dos meus vizinhos, já fui de carta alheia na mão procurar os destinatários, em habitações de bairros próximos do meu. E por mais de uma vez.

Dos CTT tinha, desde menino, a ideia de eficiência, e a figura do carteiro merecia-me particular estima e simpatia.

Após a privatização daquela empresa, afigura-se-me que os objectivos se fixaram no lucro financeiro, em prejuízo do serviço social, que muito valorizo.

Enquanto cidadão e funcionário público sinto desconforto: Servimos o dinheiro ou o dinheiro devia servir-nos?

Bem sei que é uma pergunta irreal, nos tempos que correm. Porém, esse facto torna mais premente em mim a necessidade de fazê-la em «voz alta».

José Batista d’Ascenção.

domingo, 6 de junho de 2021

Pensar com os pés ou o valor mais alto da ganância

Sem economia robusta e sempre dependente (e à espera) da transferência de fundos financeiros de entidades estrangeiras, a pandemia vírica (não completamente imprevisível) acentuou os apuros “intemporais” para que Portugal parece fadado.

Não causa espanto que os cidadãos portugueses vivam à espreita de oportunidades milagrosas: os poderosos de colherem os caudais que os governantes vão encaminhando na sua direcção e os pequeninos gastando o que (não) têm nas bancas de raspadinhas e afins.

Um sistema escolar que prepare efectivamente crianças e jovens não é para nós. Os países produtivos valorizam a inteligência, o trabalho rigoroso e a execução do que é necessário. Em (des)compensação, Portugal é um país de espertos, de lampeiros, de milagreiros e de especialistas em (política de) eventos fúteis. Se não são a maioria, predominam, pelo menos na acção prática.

Desportos como o futebol de alta competição são uma guerra de negócios múltiplos, nada transparentes e, eventualmente, pouco limpos, acima ou além das leis. As vitórias desejam-se de qualquer jeito e as batotas são acérrima e descaradamente defendidas por aqueles a quem interessam. Também servem o povoléu, como consolo (pobre) para as frustrações da vida. E fazem as crianças aspirar à grandeza das estrelas protagonistas.

Trabalhar serena, discreta e persistentemente para realizar objectivos úteis a cada um e à comunidade? Isso dificilmente entra nas nossas cabeças e não é exemplo que queiramos dar.

Quando o “nosso” clube ganha, engrossamos a multidão exultante que festeja, esquecendo as regras mínimas de protecção da saúde de todos. Devíamos aprender, mas custa… No entanto, não faltaram os que, apontando o dedo, se afirmaram virtuosos: com eles não acontecia.

Entretanto, os dados favoráveis da pandemia, após muitos sacrifícios, haviam permitido o tão almejado regresso de turistas, particularmente ingleses.

Mas houve a final do campeonato europeu de clubes. E logo Portugal se apressou a oferecer o palco, com o fito em supostos ganhos e ignorando os riscos. Pretensão satisfeita. Porém, o comportamento dos hooligans foi o (miseravelmente) previsível. Sobrevêm as consequências. Curiosamente, quem tinha criticado Lisboa pela festa desregrada, pronunciou-se, não por restrições preventivas, mas pela “igualdade” de direitos dos adeptos portugueses. Qual precaução? Os eventos irracionalmente emotivos devem ser contidos, mas a ganância fala mais alto. Aqueles ingleses, os indesejáveis e os outros, trouxeram 50 milhões de euros, disse o presidente da Câmara Municipal do Porto. São muitos milhões. As contaminações podem aumentar? É possível, mas aquela maquia já cá canta, pensarão os interessados.

Por seu lado, e na sequência (das imagens e do desleixo que significam?), o governo inglês decidiu limitar o turismo para Portugal. Quantos milhões vai perder o Algarve? Esta pergunta deve ser irrelevante para o presidente da Câmara do Porto.

Tristemente, tendo a ver os portugueses, populares e governantes, como uma espécie de súbditos subservientes dos turistas ingleses. Vamos esperar e aguentar.

Explicações? Não se encontram. Pelo menos é o que diz cinicamente o ministro dos negócios estrangeiros de Portugal. O da educação opta pelo silêncio.

José Batista d’Ascenção

terça-feira, 1 de junho de 2021

A vitamina D são duas.

E a sua importância não se restringe à saúde dos ossos (*)

… "Uma vitamina de que se falava apenas em relação com o raquitismo [nas crianças e a osteomalacia nos adultos] e depois com a osteoporose” é, afinal, “uma substância que faz falta a todas as células” do organismo, velando pelo equilíbrio do cálcio, para além de muitas outras funções. Por isso, algumas pessoas estranham que “tenha agora aparecido como uma «moda».”

Na realidade, a vitamina D “é um factor de imunidade”, é “preventiva de doença cardiovascular”, diminui o rico de diabetes do tipo 2 e está relacionada com a regulação do sono [“quando o sol se põe, a falta de luz solar estimula a produção de melatonina pela glândula pineal e esta hormona induz o sono. Ou seja, (...) deixa de se produzir vitamina D na pele e passa a haver melatonina. (...) Com o aparecimento da luz eléctrica tudo se baralhou porque a glândula pineal «engana-se» (...) e não produz melatonina. Mas quanto à vitamina D não se engana, essa não é estimulada pela luz artificial.”]

“A síndrome das pernas inquietas [necessidade que as pessoas sentem de estar sempre a mexer as pernas, sobretudo ao fim do dia] também está associada a baixos níveis de vitamina D.”

A vitamina D é ainda um factor de atenuação da dor, como a associada a “problemas osteoarticulares da coluna, da anca, dos joelhos, dos pés, sobretudo nas mulheres”, assim como das dores da fibromialgia; tem ligação com a síndrome metabólica pós-menopausa [cintura larga, triglicéridos aumentados, colesterol bom baixo, glicémias patológicas e hipertensão], quando em insuficiência, e previne a doença de Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas.

“O papel da vitamina D e da luz solar no estado emocional tem [também] grande importância.”

Quando se fala de vitamina D estão em causa duas substâncias: “o ergocalciferol, que é a vitamina D2 e o colecalciferol que é a vitamina D3, a que é doseada nas nossas análises.”

(...) “A principal fonte de vitamina D3 nos seres humanos é a sua formação na pele por acção dos raios ultravioletas da luz solar. Como passamos o Inverno dentro das casas e bem tapados com roupa quando saímos, e como no Verão nos protegemos do Sol com cremes que não deixam passar os raios ultravioletas, é natural que haja insuficiência de vitamina D.”

“As vitaminas D2 e D3 também podem ser obtidas através de alimentos como seja a gordura de fígado de peixes, (...) do peixe gordo e da gema de ovo.”

Ingerida ou obtida por ultravioletas, uma vez no sangue, a vitamina D2 transforma-se em vitamina D3.

Portanto, “o doseamento e a administração da vitamina D não é uma moda. (...) Deve ser administrada nas crianças e nos idosos e nestes principalmente no Inverno, tal como nas pessoas com carência ou insuficiência.”

José Batista d’Ascenção

(*) Baseado inteiramente no livro: «Alimentação, Mitos e Factos», de Isabel do Carmo. Editora «Oficina do Livro». 1ª Edição, 2020. [páginas 213-225). Uso de aspas nas transcrições.