sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Sem floresta não sobrevive(re)mos

Lírio-do-Gerês. Imagem obtida aqui.
As plantas dão alimento aos outros seres vivos, por isso se dizem «produtoras», libertam oxigénio na fotossíntese, amenizam a temperatura, ao libertarem vapor de água e produzirem sombra, protegem os solos da erosão e previnem a ocorrência de cheias. De modo global, as plantas são a base dos ecossistemas, não apenas em termos nutricionais, e dão beleza à paisagem.
Mas cada planta evoluiu adaptada a um determinado meio. E a acção humana tem disseminado as plantas pelos mais diversos lugares, o que leva a fenómenos de proliferação e de invasão causadores de problemas de vária ordem, designadamente ambientais. De modo geral, as plantas podem considerar-se como:
Plantas nativas ou autóctones – são as plantas que evoluíram numa determinada região e em certas condições climáticas, ao longo de muitos anos, estando bem adaptadas ao seu meio. Estas plantas contribuem, por vezes de modo fundamental, para dar suporte às cadeias e redes alimentares características dos locais em que existem e que delas dependem. Do nosso país, são plantas nativas o lírio-do-Gerês (Iris boissieri Henriq.), o sobreiro (Quercus suber L.) - a árvore consagrada como «Árvore Nacional de Portugal», o carvalho alvarinho (Quercus robur L.), o medronheiro (Arbutus unedo L.), o azevinho (Ilex aquifolium L.), o castanheiro (Castanea sativa Mill.), entre muitas outras;
Plantas exóticas ou alóctones – são plantas que foram introduzidas pelo ser humano em lugares onde não fizeram o seu percurso evolutivo. Estas plantas podem dar-se com dificuldade ou manter-se em competição com as existentes, suportando a acção dos consumidores e resistindo a eventuais agentes patogénicos, como fungos ou bactérias. Em Portugal, plantas como a Gingkgo biloba L. e o castanheiro-da-India (Aesculus hippocastanum L.), muito usadas na arborização de espaços urbanos, são plantas introduzidas. Em certos casos, as plantas exóticas, ou porque têm grande capacidade para extrair os elementos de que necessitam dos solos, mesmo dos que são mais pobres, ou porque crescem e se reproduzem muito rapidamente, relativamente a outras, ou, ainda porque resistem bem aos agentes de doença ou «stress» podem multiplicar-se descontroladamente, constituindo pragas. São as plantas invasoras;
Mimosa Acacia delabata. Imagem da Wikipédia
Plantas invasoras – são plantas que, introduzidas num meio diferente do seu ambiente natural, encontraram condições de proliferação tais que tendem a tornar-se dominantes. Em Portugal há vários exemplos, desde plantas herbáceas e arbustivas a árvores de grande porte: como nos casos do chorão-das-praias (Carpobrotus edulis L.), da erva-das-Pampas (Cortaderia selloana Schult.), das acácias ou austrálias (como a Acacia dealbata Link), dos eucaliptos (Eucalyptus globulus Labill.) ou das háqueas (Hakea sericea Schrad.). Estas plantas desequilibram os ecossistemas, não constituem primeiros níveis tróficos adequados à fauna dos locais em que passaram a proliferar e podem, a prazo, diminuir a biodiversidade. No caso dos eucaliptos, a sua capacidade de absorção de água é tal que foram usados para secar pântanos: fazem diminuir a disponibilidade de água nos solos e constituem um risco em matéria de incêndios, devido à abundância de essências inflamáveis. Para além dos prejuízos ambientais, as plantas invasoras podem também provocar problemas de saúde pública, por exemplo alergias, e causar perturbações da actividade económica.
Há muitos motivos para cuidarmos das plantas e, especialmente, das florestas, sem as quais os seres humanos não podem (sobre)viver. Cuidar das plantas é também não disseminar determinadas espécies por certos locais, porquanto é muito difícil e muito dispendioso, depois, travar a sua expansão. Mais vale prevenir(mo-nos): conhecendo-as, em primeiro lugar, e não as transportando para fora das zonas de que são nativas. E participando nas acções de controlo das espécies invasoras.
Porque «As Plantas São Nossas Amigas» - um lema bonito! – convém que sejamos «Amigos das Plantas».

José Batista d’Ascenção

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