segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Um país para queimar

A floresta do nosso país parece não ter futuro. Há dias, na rádio, ouvi alguém dizer que as nossas reflorestações são plantações de paus de fósforo. Assim parece, há décadas, com o advento da democracia (que não temos dignificado) e o êxodo do “interior” para o litoral. O nosso interior é um conceito curioso, porque fica, todo ele, a menos de 200 km em linha recta do mar. Multiplicaram-se estradas que haviam de ajudar a fixar pessoas no bucolismo rural e o efeito foi um acréscimo de abandono de courelas, rebanhos e hortas. Ao mesmo tempo fechavam-se centros de saúde, postos de correios e agências do banco público. Matérias-primas e produtos que chegam a essas zonas são pagos a preços acrescidos das despesas para os fazer chegar lá. Ou seja, não só deixou de haver condições como se paga mais para viver nos montes, sejam os mais agrestes do Centro e Norte ou as aplanações do Alentejo.

Os nossos deputados, governantes e líderes partidários, na imensa maioria, não estiveram nem estão à altura. Muito dificilmente se pode aceitar que sejam os melhores de nós.

Recentemente li que os aviões que combatem os incêndios cobram 35 mil euros à hora. Seja o número mais ou menos exacto, dá a ideia de que nem todos perdem com a tragédia ígnea de todos os Verões.

Os nossos cumes topográficos vão-se tornando nus e rochosos, despidos de quaisquer árvores. E isso significa menos consumo de dióxido de carbono (CO2), menos produção de oxigénio (O2), menor biodiversidade, menor libertação de vapor de água para a atmosfera, mais elevação das temperaturas médias e… mais incêndios. Em lugar da floresta restará o "verde-eucalipto", empobrecedor de solos e pessoas e enriquecedor das empresas de celulose.

E se em vez de empréstimos de fundos fôssemos pelo estrangeiro pedir que nos governassem?

José Batista d’Ascenção

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