domingo, 6 de agosto de 2023

Em cem hectares cabem muitas árvores – haja delas bons frutos

A «Jornada Mundial da Juventude» promovida pela Igreja Católica, com a vinda a Portugal do Papa Francisco, que está em Lisboa desde a manhã de quarta-feira passada até ao fim da tarde de hoje, domingo, tendo-se apenas deslocado a Fátima na manhã de ontem, sábado, foi uma impressionante manifestação religiosa, mas também social e política. Nunca, em Portugal, em tempo algum, se juntou tanta gente, no Parque Eduardo VII e adjacências e, depois, no novo recinto preparado nas margens do Trancão, do lado de Lisboa e do lado de Loures.

Francisco é um colosso: como ser humano simples e bom, como homem de cultura abrangente e profunda e, naturalmente, como líder religioso. A sua capacidade de, aos 86 anos, envolver e entusiasmar os jovens, fazendo-os vibrar da forma mais fina e comovente é algo que nunca (eu) tinha visto.

Não creio que estes acontecimentos mudem o mundo, mas deixam marcas e têm consequências. E tudo se deve à hercúlea fragilidade de um Homem que soube sacudir e repelir as misérias da instituição que dirige. Os simples perceberam-no e apoiam-no. Os empedernidos da ortodoxia formal retraíram-se. A paz é mais verosímil no espírito de muitos, utópica que seja. E isso não é pouco.

E Lisboa e Loures ganharam um espaço maravilhoso que bem poderia reverter para os cidadãos, se betão e estruturas o não tragarem mais ou menos vorazmente. Em cem hectares cabem muitas árvores, as pessoas precisam de espaço livre, sombra, temperaturas amenas e oxigénio. E uma das capitais mais bonitas e luminosas do mundo e as áreas envolventes muito ganhariam em se repetir o aproveitamento que foi feito no local em que teve lugar a «Expo 98». Essa seria também a melhor forma de homenagear e de materializar as ideias do autor do melhor livro de ecologia que me foi dado ler – a encíclica «Laudato Si».

De boas árvores bons frutos.

José Batista d’Ascenção

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