domingo, 18 de junho de 2017

O inferno dos incêndios, agora e todos os Verões futuros, se nada fizermos para o evitar

Segundo afirmação atribuída ao senhor Presidente da República, relativamente à tragédia de Pedrógão Grande, “o que se fez foi o máximo que se poderia ter feito”. Permito-me, no entanto, referir que o que devia ter sido feito durante o Outono, o Inverno e a Primavera, no que respeita à desejável prevenção, não foi o que fizemos. Nem na região da catástrofe nem em nenhuma outra do interior florestal do país. Esse receio deixei-o expresso aqui e aqui. O tempo é de dor inexprimível. E de luto. E de angústia. E de medo. Tanto quanto tem de ser um tempo de coragem. E tanto quanto devia ser um tempo de determinação em fazer alguma coisa mais, atempadamente, agora e no futuro. Até porque o estado miserável, em termos ordenamento, limpeza e gestão da floresta, e das áreas de mato, pinheiros e eucaliptos que, em tantas localidades, crescem em cima de casas de habitação, fazem temer o pior nas próximas 15 semanas. O mesmo se deve dizer para as bermas das estradas e das faixas de contenção que as deviam marginar.
Não aceito que, com a diversidade e a qualidade da tecnologia de que hoje dispomos, as Juntas de Freguesia e as Câmaras Municipais não possam fazer um pouco mais em matéria de limpeza de certas zonas, designadamente a envolvência de habitações e aldeias e de vias de circulação. De resto, nestes tempos de campanha eleitoral, não são poucas as autarquias que oferecem jantares e passeios às populações, sobretudo da meia-idade e idosas, a custo zero, quando, o que é fundamental é saber se dispõem de água potável e abundante no Verão, se os pisos das ruas onde moram estão em condições, se têm iluminação adequada, se dispõem de lenha que aqueça as habitações no Inverno, etc.; e, muito particularmente, se as suas aldeias e habitações correm o risco de serem devoradas pelo fogo nos horríveis meses do Verão. Isso, sim, seria dinheiro - qualquer cêntimo que seja! - bem gasto.
Mas nós não costumamos aprender nada, nem mesmo quando a morte, impiedosa e horrenda, devasta um grande número de pessoas.
Não, este tipo de calamidade, por muito más que sejam as condições climatéricas, não é inevitável.

José Batista d’Ascenção

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