domingo, 24 de setembro de 2017

O domínio da finança e a miséria de milhões de pessoas em todo o mundo

Lehman Brothers Holdings Inc. 
Empresa global de serviços financeiros,
banco de investimentos, etc. que, em 2008,
manteve elevadas notas de investimento pelas
agências de “rating” até falir (notação “A”, até
seis dias antes do colapso, pela Standard & Poor's),
Imagem da Wikipédia
José Carlos de Vasconcelos (JCV) escreveu no último número da revista «Visão» (pág. 80): As «agências de rating são instrumentos do pior do império financeiro global que se deviam envergonhar de muito que fizeram e de erros (só erros?...) de avaliação escandalosos. Nem por isso perderam poder, o que não constitui menor escândalo.» JVC cita a comissária europeia Viviane Reding que, em tempos, disse que «não é possível que um cartel de três empresas norte-americanas decidam a sorte de Estados e dos seus cidadãos», ao que ele acrescenta que, «no entanto, nada mudou». Da sua análise sobre a colocação de Portugal no “lixo”, de que agora uma das agências de notação nos tirou, e dos prejuízos que isso nos causou, bem como em relação a perspectivas futuras, JCV, extrai «duas conclusões que agora importam:
a) DBRS [agência canadiana, "mais pequena e decerto mais séria ou competente"] foi a única que em relação a Portugal fez uma avaliação e teve uma atitude decentes [tendo "mantido sempre a notação de Portugal no patamar que permitiu continuar as compras de dívida pública pelo Banco Central Europeu"];
b) se não se pode esquecer que a dívida do País continua a ser enorme, por isso mesmo não se pode esquecer também a necessidade de a renegociar (…); mais, é de elementar justiça renegociá-la, pois nada justifica [que] estejamos a pagar juros superiores aos que hoje pagamos nos mercados por empréstimos que nos foram concedidos no âmbito de um pacote de “ajuda” (…) da troika – juros, só os juros, que nos custam mais de sete mil milhões de euros anuais…»
Por sua vez, Vicente Jorge Silva escrevia no jornal «Público» de 17 de Setembro (última página): «As agências de rating fazem parte daquelas coisas detestáveis, não sujeitas a escrutínio e controlo democrático, que acabam por impor os seus critérios a instituições das quais dependem o rumo das economias, dos governos e das vidas das pessoas. E quando o todo-poderoso Banco Central Europeu se submete às notações dessas agências na aplicação das suas políticas, o destino de um país pequeno e vulnerável como Portugal pode ficar suspenso da cotação que lhe é atribuída por uma dessas entidades. Há alguns anos ainda se contestava o poder abusivo, caprichoso e não regulado dos agenciadores privados dos ratings, mas hoje apenas algumas entidades arcaicas do anticapitalismo como o PCP se atrevem a questionar a sua fatalidade.»
Porém, os cidadãos do mundo não podem aceitar eternamente o vampirismo financeiro reinante. Cabe a cada um de nós manter-se minimamente informado, a fim de que, solidaria e firmemente, nos possamos levantar e exigir dignidade e direitos. A começar pela relação com os bancos onde temos contas.

José Batista d’Ascenção

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