quinta-feira, 7 de junho de 2018

Especialistas de tudo

Sobre a «rendição» do governo à FENPROF, aqui.
Faz bastantes anos costumava ouvir/ver/ler as intervenções de duas personalidades brilhantes em matéria de intervenção social (António Barreto e Pacheco Pereira) nas televisões e nos jornais, pronunciando-se sobre as mais díspares matérias. Ainda hoje gosto de os ler. Porém, naqueles tempos, dei-me conta de que quando se espraiavam pelas (poucas) matérias que eu conhecia bem, frequentemente começavam a «meter água». Donde, interroguei-me: se eles falham tanto naquilo que é do meu conhecimento, seguramente falham da mesma maneira em todo o resto, pelo que, fora do âmbito do que eu domino, poder parecer-me que é bem fundamentado o que afirmam estando (muito) longe de o ser. E, não por causa deles, fui-me afastando dos «écrans» poluentes da que, em tempos idos, foi chamada a «caixa que mudou o mundo».
Hoje, as televisões continuam a recorrer aos «gurus» que têm opinião sobre todas as coisas. Um deles é Miguel Sousa Tavares que, desde há muito, carece de objectividade e rigor, por exemplo quando desvairadamente defendia o (seu direito ao) tabagismo ou quando destila ódio contra os professores. O homem deve ter os seus traumas e tem direito às suas presunções e (até) à sua ignorância em matérias de ciência e outras. Por mim, preferia que se dedicasse mais a criticar os da sua profissão de jornalista, que julgo que é, porque (supostamente) não lhe faleceria o conhecimento de causa nem matéria e casos de análise com que se entreter. E ainda sobram uns quantos jornalistas que, pela sua ponderação, conhecimento e qualidade (penso numa Teresa de Sousa, numa São José Almeida, num Vicente Jorge Silva, etc.), bem podiam servir-lhe de exemplo a seguir. Mas aquilo será caso perdido. Por mim deixei de o ouvir/ver há muito, de tal forma que nunca peguei num livro da sua autoria, embora gostasse da sua escrita nos jornais, descontada a «catedrática» sobranceria que não (lhe) aprecio. E como ele há outros, pelo que, se não se precata, ainda perde o lugar. E eu, assim como assim, prefiro Miguel Sousa Tavares como «sábio» (caseiro) das televisões portuguesas do que como professor de quem quer que fosse.
Sem prazer, e depois de longa demora, acabei por não ser capaz de me impedir de escrever este texto.

José Batista d’Ascenção

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